sábado, 23 de novembro de 2024

Relatos de Manjari Bhava da Brahma-Madhava-Gaudiya-Sampradaya II


 
Figure 1 - Shri Krishna Caitanya na frente de um Templo da Gaudiya Math, Vrindavana.

 

Sumário do Livro Madhurya, a Rasa da Doçura


Neste capítulo, prema, conforme demonstrado pelos relatos das manjaris, é apresentado aqui, portanto, as esposas não serão mais mencionadas, mas o que está sendo proposto sobre Shri Radhe é estendido ao Seu outro humor completo (Shri Rukmini).

O estado elevado das gopis é óbvio. Shri Radha e Suas amigas gopis se articulam em torno de Madhava em diferentes períodos do dia com sentimentos de amor e rendição. Para saborear esse néctar, a alma que está associada a Krishna abre mão de muitas convenções. As gopis fazem isso e se entregam ao desejo de trocar continuamente relacionamentos com Hari.

Às vezes, há uma impaciência para obter o Senhor, e insaciável é o apetite que prema aguça. Isso queima o devoto como o sol e, ao mesmo tempo, o alivia devido aos vislumbres da forma, das qualidades e da doçura do Senhor. Entretanto, isso não é uniforme, pois se estabelece gradualmente. Sthayibhava (ou sentimentos espirituais permanentes) é subdividido em sentimentos iniciais (premankusa rupa) e sentimentos mais avançados (prema rupa). Quando os sentimentos mais avançados esclarecem a percepção, os sentimentos das fases anteriores deixam de ser desejáveis. 

O estado maduro de bhava é chamado de prema.

Bhava não diminui, mas sua intensificação é o sintoma de prema, o estado maduro de afeição. A potência de prazer de Krishna, que é a consciência de Shri Radha, atinge estágios sucessivamente mais elevados de sentimentos de amor pelo Senhor. Cada estado mais elevado contém em si condições anteriores.

Sendo Radhika a potência de prazer de Shri Krishna, ela vive prema rupa espontaneamente e sem ser afetada. O que é muito específico de sua condição é a experiência de mamta (posse) de Shri Krishna em relação a Ela, já que Ela está em Maha-mahabhava. Isso é considerado como sentimentos mútuos de absoluta entrega à interação e ao relacionamento como um todo formado entre Radhe Shyam. Esse tipo de senso de propriedade que é mútuo só pode ser experimentado pela Shakti do próprio Senhor.

Nos comentários de Sri Sri Radha Rasa Sudhanidhi, de Srila Prabodhananda Saraswati, afirma-se que Krishna se sente grandemente abençoado quando é tocado até mesmo pela mais leve brisa agradável que vem da ponta da roupa de Shri Radhika. Radharani é o único oceano de Madana mahabhava e a fonte principal de mahabhava. O comentarista ressalta que qualquer pessoa que abandone o serviço a Shri Radhe, desejando a companhia pessoal de Govinda, é como alguém que quer desfrutar de uma lua cheia sem uma noite de lua cheia.

Os associados de Radharani estão diretamente sob a influência de sentimentos recíprocos da Fonte de Madhurya Rasa. Essa Fonte é a intenção de desfrutar o amor mais puro que se manifesta no Adi Purusha. A avidez do Senhor por experimentar tal prazer causa o prazer que Seu poder manifesta. O prazer é então sentido por faíscas desse Fogo do Amor (ou Oceano de Néctar) que aparecem como infinitas gopis e manjaris (gotas do oceano).

Dentro dessa realidade transcendental, Radharani é, entretanto, a única a conhecer o sentimento mais pleno que é sentido pelo foco da mamta do Senhor. Mas isso está sendo dito sobre o universo das Gopis de Vraja porque Shri Radha não é diferente de Shri Rukmini. O estado de amor eternamente elevado de Radharani é frequentemente lembrado em muitos relatos dados a partir das percepções de manjari bhava.

Esse estado de amor aparece em todos os diálogos dela com as outras gopis, por exemplo, o diálogo dela com Shri Lalita, que aparece no Vidagdha Madhava de Shri Rupa Goswami. Shri Radha mostra a inquietação típica da alma que está emaranhada nas teias amorosas de Shri Krishna e das quais não quer mais sair. Entretanto, essas teias pertencem a Ela, sendo Radhika a consciência que as produz, em interação amorosa com Keshava.

Suas companheiras íntimas (outras Gopis e Manjaris) estão inseridas em tais teias de interações com o Casal Divino. Elas são absorvidas pelo amor que se espalha por essas mesmas teias. O foco central do Madhurya Rasa Leela é Radheshyam, que mantém a unidade entre outras contrapartes associadas a esse foco. Essas ondas também se propagam por meio da consciência divina do Casal Divino que está em Rukmini Krishna; a unidade que existe entre as consortes que estão em Svakiya Madhurya Bhava é criada por Eles.

As teias de Madhurya Bhava se expressam na Terra mesmo em momentos diferentes, quando Shri Krishna não está presente diretamente no planeta, o que é o assunto da próxima seção deste livro.


Perguntas/Respostas

Diálogo Entre V d e Guru Ma Shri


1. Uma vez que a experiência de mamta de Shri Krishna, o senso de propriedade mútua e Madana Mahabhava são específicos da Shakti do Senhor - Shri Radharani-, isso implica que as outras gopis não experimentam isso? Será que as outras gopis podem experimentar plenamente o amor intenso que Shri Radha experimenta?

As outras gopis só experimentam mamta quando vivenciam a unidade com Radha em Radhe Shyam. Esse é amor mais intenso que existe, o qual é reciprocado pelo Casal Divino. As gopis que são expansões de Shri Radhe mais diretas têm a experiência de tal profunda relação com Ele, nos seus momentos de união perfeita e pura com Radhika.

2. Como entender a afirmação “Qualquer um que abandone o serviço a Shri Radhe, desejando a companhia pessoal de Govinda, é como alguém que quer desfrutar de uma lua cheia sem uma noite de lua cheia”.  O envolvimento com o Senhor em emoção conjugal direta sem ter Manjari ou Sakhya bhava está sendo apontado aqui?

Sendo Radha Krishna duas pessoas em Uma, como desfrutar dEle (a lua cheia) sem estar em uma noite de lua cheia (nEla)? Não existe possibilidade de separar Radha de Krishna em se tratando do amor conjugal profundo. Para viver esse amor, é preciso vivenciar o sentimento que preenche o coração de Radha. Para desfrutar, portanto, da lua cheia é preciso estar em uma noite de lua cheia. Para os devotos da Brahma Madhva Gaudiya Sampradaya, no entanto, qualquer alma que vivencie Madhurya Rasa Lila tem que obrigatoriamente estar em manjari ou sakhya bhava. Minha interpretação é diferente, pois vivencio Madhurya Rasa Lila a partir da unidade com Radha em Radhe Shyam. Para mim, esses dizeres deixam claro que não dá para experimentar do amor conjugal com Krishna sem que se esteja em união perfeita e pura com Radharani.

3. Qual é o bhava das amigas íntimas de Shri Radha, Suas Ashtasakhis, como Shri Lalita? Elas desejam um relacionamento conjugal direto com Krishna ou desejam apenas encontros de Shri Radha com Krishna? Existem outras Gopis, além das manjaris, que não têm um relacionamento conjugal direto com Krishna?

As Ashtasakhis estão em unidade tão perfeita com Radha que as duas coisas são a mesma coisa, ou seja, desejar encontros de Shri Radha com Krishna significa desejar um relacionamento conjugal direto com Ele. Mas existem sim Gopis, além das manjaris, que não têm relacionamento conjugal direto com Madhava.

4. Entre o Mantra e o Nome do Senhor, o que é mais útil para obter acesso ao nosso Bhava? É o Mantra? É o Nome?  Ou é aquele para o qual nos sentimos mais inclinados? O que devemos entoar mais? Para ter acesso ao nosso Bhava e estar entre os associados mais próximos do Senhor, é necessário um Mantra específico relacionado a esse Bhava? O Nome do Senhor entoado com devoção pode dar acesso ao nosso Bhava e, se o Nome é suficiente, por que precisamos do Mantra?

Isso depende da linha que você segue e de como seu Guru (Ma) lhe instrui. Se a instrução for de cantar mantras, então precisa cantar mantras. Se for o nome, recitar o nome. No meu caso, oriento a cantar três mantras diferentes, em diferentes horários do dia. Mas se o devoto desejar, além disso, cantar os nomes também pode, pois só irá reforçar sua devoção pelo Senhor, satisfazendo-o. O mantra específico de acesso ao bhava só forneço com a terceira iniciação, de renúncia e sannyas. No entanto, não considero que só o mantra ou só o nome sejam suficientes para levar alguém ao contato direto e puro com Deus. Em Kali Yuga, a contaminação da consciência está muito intensa, sendo preciso depuração forte e contínua dos anarthas, para que alguém se liberte das imperfeições que o(a) distanciam da lila transcendental.

5. Radha Krishna são chamas gêmeas uma da outra, mas o que dizer de outras consortes do Senhor que não são Shri Radha/Rukmini/Sita/Lakshmi? Não somos iguais a Ele de forma alguma e, como amamos Krishna em madhurya bhava, será doloroso ter outra pessoa como nossa chama gêmea, pois desejamos pertencer somente a Krishna. Quem é então a chama gêmea das outras consortes do Senhor?

As outras consortes em sua perfeita união com Radhe Shyam vivenciam a unidade de si mesmas com a Chama Gêmea original, portanto, mesmo seus pares espirituais existem também em unidade com o Divino Casal. Tudo se torna Um e todos se sentem iguais a Ele, vivenciando o sat-cit-ananda da perfeita união em Deus, em Radhe Shyam. O desejo de pertencer somente a Krishna se pronuncia para todos os que o alcançam, pois Ele é o Princípio e o Fim de tudo o que existe. Quando o alcançamos, a impressão de dualidade desaparece e somos eternamente conscientes da multiplicidade das chamas gêmeas como uma coisa só, sendo Unas na Chama Gêmea original.


Figure 2 - Shyama Kunda, lugar de Madhurya Rasa Lila.

Manjari Bhava reports of Brahma-Madhava-Gaudiya-Sampradaya Part II

 

Figure 1 - A Gaudiya Temple in Vrindavan.

Summary From the Book Madhurya, the Rasa of Sweetness


In this chapter, prema as shown by Manjari bhava reports is presented here, so wives will not be mentioned anymore but what is being proposed about Shri Radhe is extended to Her other complete mood (Shri Rukmini).

The exalted state of gopis is obvious. Shri Radha and Her gopi friends articulate around Madhava over different periods of the day with feelings of love and surrender. In order to taste this nectar, the soul that is associated with Krishna gives up many conventions. The gopis do that and surrender themselves to the desire to continuously exchange relationships with Hari.

Sometimes there is an impatience for obtaining the Lord, and insatiable is the appetite that prema sharpens. This burns the devotee like the sun and at the same time relieves him/her because of glimpses of form, qualities and sweetness of the Lord. However, this is not uniform as it gradually establishes itself. Sthayibhava (or permanent spiritual feelings) is subdivided in initial feelings (premankusa rupa) and more advanced feelings (prema rupa). When more advanced feelings clarify the perception, the feelings of previous phases become no longer desirable.

The mature state of bhava is called prema.

Bhava does not diminish, but its intensification is the symptom of prema, the mature state of affection. The pleasure potency of Krishna, who is the conscience of Shri Radha, reaches successively higher stages of love feelings for the Lord. Each higher state contains within itself previous conditions. 

Being Radhika Shri Krishna’s pleasure potency, She lives prema rupa spontaneously and unaffected. What is very specific to Her condition is experience of mamta (possession) from Shri Krishna in relation to Her as She is in Maha-mahabhava. It is considered as mutual feelings of absolute self-surrender to the interaction and relationship as a whole formed between Radhe Shyam. This kind of sense of ownership that is mutual can only be experienced by the Shakti of Lord Herself.

In comments to Sri Sri Radha Rasa Sudhanidhi of Srila Prabodhananda Saraswati it is stated that Krishna feels Himself greatly blessed when He is touched by even the slightest playful Breeze coming from the tip of Shri Radhika's garment. Radharani is the only ocean of Madana mahabhava and the fountain head of mahabhava. The commentator points out that anyone who gives up the service of Shri Radhe, desiring Govinda's personal company is like someone who wants to enjoy a full moon without a full moon night.

The associates of Radharani are directly under the influence of reciprocal feelings of the Source of Madhurya Rasa. This Source is the intention to enjoy the purest love that makes itself in the Adi Purusha. The avidity of the Lord for trying such enjoyment causes the pleasure that His power manifests. The pleasure is then felt by sparks of this Fire of Love (or Ocean of Nectar) which appear as endless gopis and manjaris (Ocean drops). 

Within this transcendental reality, Radharani is however the only one to know the fuller feeling that is felt by the focus of the Lord's mamta. But this is being said about the universe of Vraja Gopis because Shri Radha is not different from Shri Rukmini. Radharani's forever exalted state of love is often remembered in many reports given from manjari bhava perceptions.

This state of love appears in all of her dialogues with the other gopis for e.g Her dialogue with Shri Lalita that appears in Vidagdha Madhava of Shri Rupa Goswami. Shri Radha shows typical restlessness of the soul that is tangled in Shri Krishna's amorous webs and from which one does not want to leave anymore. However, these webs belong to Her, being Radhika the consciousness that produces it, in loving interaction with Keshava.

Her intimate associates (other Gopis and Manjaris) are inserted in such webs of interactions with the Divine Couple. They are absorbed in the love that spreads through the same webs. The central focus of Madhurya Rasa Leela is Radheshyam, they maintain the unity between other counterparts that are associated with this focus. These waves also propagate through divine consciousness of Divine Couple that is in Rukmini Krishna, the unity that exists among the consorts that are in Svakiya Madhurya Bhava is created by Them.

The webs of Madhurya Bhava express themselves on Earth even at different times when Shri Krishna is not present directly on the planet which is the subject of the next section of this book.

Questions/Answers
Dialogue Between V d and Guru Ma Shri


1. Since the experience of mamta from Shri Krishna, the sense of mutual ownership and Madana Mahabhava is specific to Shakti of Lord - Shri Radharani -, so does this imply that other Gopis do not experience these? Can other gopis ever fully experience the intense love that Shri Radha experiences.

The other gopis only experience mamta when they experience unity with Radha in Radhe Shyam. This is the most intense love there is, which is reciprocated by the Divine Couple. The gopis who are more direct expansions of Shri Radhe experience such a deep relationship with Him in their moments of perfect and pure union with Radhika.

2. How to understand the statement "Anyone who gives up the service of Shri Radhe, desiring Govinda's personal company is like someone who wants to enjoy a full moon without a full moon night".  Is engaging with the Lord in direct conjugal emotion without having Manjari or Sakhi bhava being pointed out here?

Since Radha Krishna is two persons in One, how can you enjoy Him (the full moon) without being on a full moon night (in Her)? There is no possibility of separating Radha from Krishna when it comes to deep conjugal love. To experience this love, you have to experience the feeling that fills Radha's heart. To enjoy the full moon, therefore, you have to be on a full moon night. For devotees of the Brahma Madhva Gaudiya Sampradaya, however, any soul experiencing Madhurya Rasa Lila must necessarily be in manjari or sakhya bhava. My interpretation is different, because I experience Madhurya Rasa Lila from unity with Radha in Radhe Shyam. For me, these sayings make it clear that one cannot experience conjugal love with Krishna without being in perfect and pure union with Radharani.

3. What is the bhava of Shri Radha's intimate friends, Her Ashtasakhis like Shri Lalita? Do they desire direct conjugal relationships with Krishna or desire only Shri Radha meetings with Krishna? Are there Gopis other than manjaris who do not have a direct conjugal relationship with Krishna?

The Ashtasakhis are in such perfect unity with Radha that the two things are one and the same, i.e. desiring Shri Radha's meetings with Krishna means desiring a direct conjugal relationship with Him. But there are Gopis, apart from the Manjaris, who don't have a direct conjugal relationship with Madhava.

4. Between Mantra and Name of the Lord what is more helpful in getting access to our Bhava. Is it Mantra? Is it Name?  Or is it the one we feel more inclined to? What shall we chant more? To get access to our Bhava and be among one of the Lord close associates is particular Mantra related to that Bhava necessary? Can Name of the Lord chanted with devotion give access to our Bhava and if Name is enough then why need Mantra?

This depends on the path you follow and how your Guru (Ma) instructs you. If the instruction is to chant mantras, then you need to chant mantras. If it's the name, recite the name. In my case, I recommend chanting three different mantras at different times of the day. But if the devotee wishes to chant the names in addition, he or she can also do so, as it will strengthen his or her devotion to the Lord and satisfy Him. The specific mantra for accessing bhava is only given with the third initiation, of renunciation and sannyas. However, I don't think that the mantra or the name alone are enough to bring someone into direct and pure contact with God. In Kali Yuga, the contamination of the consciousness is very intense and a strong and continuous purification of the anarthas is necessary in order to free oneself from the imperfections that distance him/her from the transcendental lila.

5. Radha Krishna are each other's twin flames but then what about other consorts of the Lord who are not Shri Radha/Rukmini/Sita/Lakshmi. We are not equal to Him at all, and since we love Krishna in madhurya bhava it will be painful to have someone else as our twin flame since we wish to belong only to Krishna. Who is then the twin flame of other consorts of the Lord?

The other consorts in their perfect union with Radhe Shyam experience the unity of themselves with the original Twin Flame, so even their spiritual mates also exist in unity with the Divine Couple. Everything becomes One and everyone feels equal to Him, experiencing the sat-cit-ananda of perfect union in God, in Radhe Shyam. The desire to belong to Krishna alone is pronounced for all those who reach Him, because He is the Beginning and the End of all that exists. When we reach Him, the impression of duality disappears and we are eternally aware of the multiplicity of twin flames as one thing, being One in the original Twin Flame.

Figure 2 - Radha Kunda, place of Madhurya Rasa Lila.

sábado, 9 de novembro de 2024

Relatos de Manjari Bhava da Brahma-Madhava-Gaudiya-Sampradaya

 

Krishna tocando flauta, por Vishal Nixon.

 

Resumo do Livro Madhurya, a Rasa da Doçura


Neste capítulo, ficamos sabendo sobre o exaltado estado de amor das Gopis de Vraja  por meio de relatos de acharyas da Gaudiya Sampradaya
em Manjari Bhava. Esses relatos nos falam sobre a unidade de expressão que está em Radhe Shyam Madhura Rasa. São experiências em Manjari Bhava que coexistem com Gopi Bhava. As Manjaris executam muitos mecanismos, mas não todos, elas não vivenciam o passatempo do mesmo ângulo de visão que as gopis, especialmente aquelas que têm um relacionamento conjugal direto com o Senhor.

Apesar de um alto grau de rendição e intimidade em Madhurya Bhava, nem toda alma experimentará esse tipo de relacionamento com o Senhor, pois existem cinco tipos de Rasa - Neutralidade, Servidão, Amizade, Afeição Parental e Amor Conjugal. No entanto, há interseções entre elas e o caso clássico é o das manjaris, que coexistem direta e intimamente com o relacionamento conjugal do Senhor com as Gopis de Vraja. Esse tipo de mistura diversifica as Lilas. 

Os passatempos mistos consistem em teias de diferentes bhavas e Shri Krishna retribui concomitantemente com os bhavas. Bhava é o humor do relacionamento com Krishna, que é muito específico dentro de uma rasa em particular. Ele é diferente de acordo com a especificidade de cada alma (Sthayibhava). As manjaris são meninas adolescentes que servem eternamente a Shrimati Radharani em Sua lila amorosa com Shyam. Em sentido estrito, Manjari Bhava existe em dasya e/ou sakhya, desenvolvida dentro do Universo de Madhurya Rasa de Krishna com Shri Radha e outras gopis, mas madhurya, em sentido estrito, é experimentada apenas por Shri Radha e outras gopis que se relacionam conjugalmente com Shyam.

Este capítulo consiste na Madhurya Rasa Lila de Krishna conforme revelada por meio do Manjari Bhava de acharyas da Gaudiya Sampradaya. O trabalho escrito por eles enquanto viviam a experiência transcendental em seus siddha dehas de manjaris pode ser classificado em três tipos de obras literárias que:
 

(A) sistematizam a ciência de Rasa Tattva
(B) dividem o tempo no ambiente florestal de Vraja
(C) transferem impressões sobre os sentimentos que abundam na Madhurya Lila de Krishna.

Jaiva Dharma, de Srila Bhakti Vinoda Thakura, está repleto de realizações transcendentais. Ele revelou abertamente suas experiências em Manjari Bhava. Ao apresentar Madhurya Rasa, o autor diz que é extremamente confidencial e é experimentado por:

(a) Krishna, que é vishaya aalambana (objeto de amor)
(b) Gopis de Vraja e Shrimati Radharani, que são ashraya aalambana (as amantes)

O presente livro de Shri Krishna Madhurya acrescenta as esposas de Keshava em Dwarka, que estão em Swakiya Madhurya Rasa. Alguns autores concluem que o relacionamento das amantes (Parakiya Madhurya Rasa) é mais elevado do que o das esposas (Swakiya Madhurya Rasa).

Pela impressão que tive de minha interação com o próprio Krishna, conforme consta no Rasa Tattva (2014), a palavra superior não é ideal para ser usada ao comparar o relacionamento das gopis com o das esposas. Ali Shri Krishna explicou que o amor pelas gopis se torna muito elevado por causa da aceitação de para bhava (atração extraconjugal), mas o relacionamento que Ele tem com as esposas não é inferior a parakiya. Essas são apenas duas maneiras diferentes de atrair a Fonte de Atração que causa a conformação do mundo do amor conjugal.

Srila Vishwanatha Chakravarti Thakura explica em Madhurya Kadambini que quando há prema, amor intenso e puro por Shri Krishna, a fonte de todo amor, o sentimento é tão incondicional que a alma clama por ele dia e noite. Nesse estado, a alma não se permite pensar em nada além de seu Senhor. Isso é experimentado pelas gopis e esposas.


Perguntas/Respostas

Díalogo Entre V d e Guru Ma Shri


1. Qual é a principal diferença entre Manjari Bhava e Gopi Bhava? Quais são seus sthayibhavas e o vishaya aalambana de seus bhavas, respectivamente?

A principal diferença entre ambos os bhavas está exatamente no vishaya aalambana, pois para as Manjaris, tal objeto de adoração é Radharani. Em Gopi Bhava o vishaya aalambana é Krishna. O sthayibhava das Manjaris é repleto do desejo de servir Shri Radhe, satisfazendo-a através de oportunidades dEla expressar Seu amor por (com) Krishna. O sthayibhava das Gopis é pleno da intensão de dar prazer para Krishna, o prazer que o Amante apaixonado sente quando se deleita com Sua(s) amadas.

2. A disposição de ser a consorte de Krishna (Gopi Bhava) e a disposição de ser um amigo/servo da consorte de Krishna (Manjari Bhava) estão presentes ou são necessárias para a alma em Gopi Bhava?

Gopis e Manjaris se relacionam com Krishna de maneiras diferentes, mas todas são servas dEle. As Gopis têm como serviço dar prazer extraconjugal para Ele, enquanto as Manjaris o servem construindo oportunidades para que suas experiências conjugais com as Gopis e Radha aconteçam. Gopis não estão estabelecidas em Manjari Bhava e Manjaris não estão em Gopi Bhava, mas elas atuam juntas na Madhurya Rasa Lila.

3. O Manjari Bhava das almas é direcionado a Shri Radharani ou também é direcionado a outras consortes do Senhor? Existe um lugar para Manjari Bhava no Dwarka Lila?

O principal objeto de amor em Manjari Bhava é Shri Radhe, mas elas também sentem atração pelas outras consortes de Krishna. De forma semelhante, existem Manjaris em Dwarka Lila, as quais criam oportunidades para Krishna se divertir em atração conjugal com Suas Esposas. Elas apenas não são mencionadas em literaturas anteriores, porque não existiram ainda autores que tenham vivido a experiência de Manjaris junto das Esposas do Senhor, as descrevendo em livros, assim como os que viveram Manjari Bhava em Vraja Lila.

4. Uma vez que o desejo de amor conjugal vem de Radhe Shyam, que faz com que as almas busquem esse amor, o que acontece com esse desejo dos associados pessoais do Senhor que se relacionam com Ele em outros bhavas? Já que qualquer relacionamento que tenhamos com o Senhor é o mais desejável para nós, então o desejo de buscar amor conjugal cessa na alma que se relaciona com o Senhor em bhava diferente de Madhurya Bhava?

Quando os associados de Krishna estão com Ele em outros bhava podem realizar o amor conjugal de Radhe Shyam por meio de suas próprias relações conjugais, as quais, na unidade com o Casal Divino, os completa plenamente. Descrevo tal tipo de interação perfeita no livro Radha Krishna, o Sol da União entre as Chamas Gêmeas. Esse livro explica como o desejo de buscar por amor conjugal cessa de fato na alma que se relaciona com Krishna com intimidade em qualquer bhava.

Manjari Bhava reports of Brahma-Madhava-Gaudiya-Sampradaya

Figure 1 - Madhurya, the Rasa of Sweetness book cover.

 

 Summary From the Book Madhurya, the Rasa of Sweetness

 

In this chapter, we get to know about Vraja Gopis' exalted state of love from Manjari Bhava by acharyas of Gaudiya Sampradaya reports. These reports tell us about the unity of expression which is in Radhe Shyam Madhur Rasa. These are from experiences in Manjari Bhava that coexist with Gopi Bhava. Manjaris carry out many mechanisms but not all, they do not experience the pastime from the same angle of view as gopis do, especially those having direct conjugal relationship with the Lord.


Despite a high degree of surrender and intimacy in Madhurya Bhava, not every soul will experience this kind of relationship with the Lord, as there are five types of Rasa- Neutrality, Servitude, Friendship, Parental affection and Conjugal Love. There are nevertheless intersections between them and the classic case is that of manjaris, which coexist directly and closely with the conjugal relationship of the Lord with Vraja Gopis. This type of mixture diversifies the Lilas.


Mixed pastimes consist of webs of different bhavas and Shri Krishna reciprocates concomitantly with the bhavas. Bhava is the mood of relationship with Krishna, which is very specific within a rasa in particular. It is different according to the specificity of each soul (Sthayibhava). 

Manjaris are teenage girls who eternally serve Shrimati Radharani in Her loving lila with Shyam. In strict sense Manjari Bhava exists in dasya and/or sakhya, developed inside Madhurya Rasa Universe of Krishna with Shri Radha and other gopis, but madhurya in strict sense is experienced only by Shri Radha and other gopis that relate conjugally with Shyam.


This chapter consists of Madhurya Rasa Lila of Krishna as revealed by means of Manjari Bhava acharyas of Gaudiya Sampradaya. The work written by them as they lived transcendental experience in their Manjari siddha dehas can be classified into three types of literary works that -


(A) Systematize the science of Rasa Tattva
(B) Divide the time in the Vraja forested environment
(C) Transfers impressions on the sentiments that abound in Krishna's Madhurya Lila.


Jaiva Dharma by Srila Bhakti Vinod Thakura is full of transcendental realizations. He openly revealed his experiences in Manjari Bhava. Introducing the Madhurya Rasa, the author says it is extremely confidential and is experienced by


(a) Krishna who is vishaya aalambana (object of love)
(b) Vraja Gopis and Shrimati Radharani which are ashraya aalambana (the lovers)


The present book adds Keshava wives in Dwarka who are in Swakiya Madhurya Rasa. Some authors conclude the relationship of lovers (Parakiya Madhurya Rasa) is higher than that of wives (Swakiya Madhurya Rasa).


From the impression I got from my interaction with Krishna Himself as contained in Rasa Tattva (2014), the word higher is not ideal to use when comparing the relationship of gopis with those of wives. Shri Krishna there explained that love of gopis makes itself very exalted because of acceptance of para bhava (extraconjugal affection) but the relationship He has with wives is not lower than parakiya. These are only two different ways of attracting the Source of Attraction that cause the world of conjugal love’s conformation.


Srila Vishwanatha Chakravarti Thakura explains in Madhurya Kadambini that when there is prema, intense and pure love for Shri Krishna, the source of all love, the feeling is so unconditional that the soul cries for it day and night. In this state the soul does not allow itself to think about anything more than its Lord. This is experienced by gopis and wives.


Questions/Answers

Dialogue between V d and Guru Ma Shri


1. What is the main difference between Manjari Bhava and Gopi Bhava? What are their sthayibhavas respectively and what is the vishaya aalambana of their bhavas respectively?

The main difference between the two bhavas is precisely in the vishaya aalambana, because for the Manjaris, that object of adoration is Radharani. In Gopi Bhava, the vishaya aalambana is Krishna. The Manjaris' sthayibhava is filled with the desire to serve Shri Radhe, satisfying Her through opportunities for Her to express Her love for (with) Krishna. The sthayibhava of the Gopis is filled with the intention of giving pleasure to Krishna, the pleasure that a lover with passion feels when He delights with His beloved(s).

2. Is the mood of being Krishna's consort (Gopi Bhava) and the mood of being a friend/servant of Krishna's consort (Manjari Bhava) both present or required for the soul in Gopi Bhava?

Gopis and Manjaris relate to Krishna in different ways, but they are all His servants. The Gopis serve Him by giving Him extramarital pleasure, while the Manjaris serve Him by building opportunities for His conjugal experiences with the Gopis and Radha to take place. Gopis are not established in Manjari Bhava and Manjaris are not in Gopi Bhava, but they play together in Madhurya Rasa Lila.

3. Is Manjari bhava of souls directed towards Shri Radharani or is it directed towards other consorts of the Lord as well? Is there a place for Manjari Bhava in Dwarka Lila?

The main object of love in Manjari Bhava is Shri Radhe, but they are also attracted to Krishna's other consorts. Similarly, there are Manjaris in Dwarka Lila, who create opportunities for Krishna to enjoy conjugal attraction with His Wives. They are just not mentioned in previous literature, because there have not yet been authors who have experienced Manjaris with the Lord's Wives, describing them in books, like those who have experienced Manjari Bhava in Vraja Lila.

4. Since desire for conjugal love comes from Radhe Shyam which makes souls seek such love what happens to this desire of personal associates of the Lord who relates to Him in other bhavas? Since whatever relationship we have with the Lord is most desirable for us then does desire for seeking conjugal love cease in that soul who relates to the Lord in bhava other than Madhurya Bhava?

When Krishna's associates are with Him in other bhava, they can realize the conjugal love of Radhe Shyam through their own conjugal relationships, which, in unity with the Divine Couple, complete them fully. I describe this kind of perfect interaction in the book Radha Krishna, the Sun of the Union between the Twin Flames. This book explains how the desire to seek conjugal love actually ceases in the soul who relates to Krishna intimately in any bhava.  

 

 Figure 2 - Shri Krishna Madhurya (Guru Ma Shri) and Shri Dauji Kana Vanashaya in pilgrimage through Vraja (December 2022).


Apresentação Geral

Madhurya é a vida se expressando como fluência amorosa, doce e linda. ...