domingo, 25 de fevereiro de 2024

Apresentação Geral





Madhurya é a vida se expressando como fluência amorosa, doce e linda. Ela é como a beleza da flor que exala a fragrância perfeita; e a paisagem mais bela que se possa conceber.


Trata-se de um jeito de estar em todos os mundos em que Krishna esteja ao mesmo tempo, pois transcende as fronteiras deles.

Desde que haja Krishna, então há tudo o que é preciso para existir tal bhava. Ele é o eixo da existência e o centro das atenções na doçura do amor. É o amado eterno e 
Senhor de tudo o que se possa pensar, sentir e ver.

Madhurya faz o mundo girar em torno dEle, sendo Ele a Fonte e também o Fim do que se quer para sempre ser.

Quem descobre-se amando à Pessoa de Deus assim, já não poderá mais conter o sentimento que exaure todos os sentidos, quando eles só pretendem servir ao Amor que por Madhava se sente.


Que amor é este, então?

Um amor assim tão grande, que nada pode vencer, é a verdadeira experiência de vida. Ele é puro, isento de máculas. Perfeito e intenso, este amor é a vitória maior a se conquistar.

Quem o desconhece não tem como atinar para o seu significado. Mas, ao vivenciá-lo, nada mais há que se desejar, exceto a Krishna se entregar.

Este amor está nas escrituras mais sagradas, as quais descrevem o que as gopis sentem pelo seu Amado. É este sentimento que as esposas de Shri Hari expressam, quando absortas nEle

"permaneciam sem fala alguns instantes”, para então, repentinamente “irromperem em palavras incoerentes de modo semelhante a lunáticas. Na intensidade do seu amor, elas (de tempos em tempos, experimentavam dor excruciante de separação do seu Senhor, mesmo na Sua presença e) paravam com suas falas delirantes (Srimad-Bhagavatam 10.90.14)”.

Só quem experimenta de madhurya-rasa sabe exatamente do que se trata tal excruciante dor que as esposas sentem ao pensarem em se separar de Krishna.

Afinal, o amor conjugal pelo Senhor da vida (Deus) transcende qualquer limite. Logo, não existem limitações ao desejo de se querer estar ao lado dEle; o que acontece por ser a Pessoa Suprema que pensa estar relacionando-se com quem percebe-se relacionar-se desta maneira com Ele.

Krishna não pode ser circunscrito por nenhum tipo de fronteira, mesmo que seja do pensamento. Sendo a Absoluta Personalidade, Ele é o infinito e Suas relações transbordam perfeição e beleza.

Quem tem este tipo de experiência, no bhava de Madhurya, vive em uma condição que é também infinita. Sendo tal vivência tão perfeita, pura, doce, delicada e intensa, a contraparte de Shri Hari se deixa levar por este imenso “buraco negro” que Ele é (do qual é impossível escapar).



Os textos e poesias deste blog foram redigidos por Shri Krishna Madhurya, como expressão do seu amor conjugal por Krishna. Conheça também http://srikrishnaadishakti.blogspot.com e https://jardinsdekrishna.com.  

Krishna, Vishnu ou Narayana

 


Quando menciono a possibilidade de salvar elementos da religiosidade Hindu, me refiro a linguagens da experiência religiosa profunda. Dentre eles, esse artigo especificamente aborda uma das maneiras do Supremo Senhor se apresentar para Seus devotos. Ele assim o faz como uma Pessoa, o absoluto criador, preservador e aniquilador das regiões cósmicas e universais.

Tal Pessoa Suprema nos ensina que, por sua ação, os mundos são estabelecidos e sustentados, e continuamente transformados dentro do processo evolutivo que contém toda Ordem. Seus ensinamentos alcançam a percepção humana através das escrituras, do(a) mestre(a) espiritual e/ou diretamente por iluminação transcendental.

Mas, Krishna, Vishnu ou Narayana está além da compreensão humana meramente racional, porque é o ilimitado, que não tem um começo nem um fim. No entanto, Ele contém em si o começo e o fim de tudo o que é, do que existe e que está por existir.

Sendo o Senhor de todas as manifestações da existência, Ele pode se manifestar na forma que desejar se manifestar. Por esse motivo, existem tantas religiões, de modo que o pensamento sectário e desrespeitoso para com a crença do próximo é fruto unicamente da intolerância religiosa e do preconceito. Ideias preconceituosas servem a interesses próprios, sendo mais facilmente assimiladas, de maneira acrítica e passiva, sem refutação por argumentos racionais, pelos favoravelmente predispostos[i].

Em detrimento de tais predisposições humanas aos sectarismo e ao preconceito religioso, a refulgência de Krishna (Brahman) o manifesta, sem fornecer livre acesso à Sua Pessoa Suprema (Bhagavan), a qual contém todas as opulências. Além do que, todas as almas viventes o contêm em seus corações (Paramatma) e, portanto, podem encontrá-lo dentro de si mesmas. Para vivenciar a experiência com Bhagavan é preciso alcançar a realização filosófica dEle enquanto Pessoa, a partir de quem emana o Brahman, que está em tudo.

Reconhece-se que esse encontro com Deus conduz a alma à iluminação (samadhi) e à liberdade dos ciclos de nascimentos e mortes (moksha). Aquele que, mesmo ainda permanecendo atrelado a um corpo físico, re-encontra com Krishna - a Pessoa Suprema -, e com Ele estabelece um convívio íntimo (bhakti rasa), está situado em alinhamento perfeito com o Corpo Divino (siddhadeha).

Tal intimidade com Deus existe em um estágio avançado de consciência espiritual, o qual preenche a vida de Amor Puro pelo Divino Senhor (prema). Todas essas compreensões são filosóficas, podendo ser obtidas a partir do convívio com alguém que as vivenciou filosoficamente e/ou diretamente por autorrealização, sendo o segundo processo muito raro na época atual, quando a sociedade se encontra em um estado profundamente materialista e positivista[ii],[iii].

Ler mais em: https://jardinsdekrishna.com/2022/12/20/as-divindades-do-hinduismo-nao-sao-mitologicas-adentrando-nas-moradas-de-krishna-vishnu-ou-narayana/

[i] SOUZA, G. M.; FICAGNA, L. R. D. Do preconceito à intolerância religiosa. Revista EDUC – Faculdade de Dique de Caxias, v. 3, n. 2, p. 54-74, 2016.

 

[ii] Trata-se de um estado de acumulação de capital, pautado pelo materialismo pragmático, o qual se desenvolveu sob forte influência de René Descartes (1596-1650) e Augusto Comte (1798-1857). Segundo a lógica apresentada por Moraes-Júnior, Christ e Celanti (s/d), para Descartes procedimentos de indução e dedução científicas substituíram a religião na explicação do mundo, a partir do que, as verdades das coisas se tornam tão completas e gerais, a ponto de não ficar nada a dizer. Em complemento a essas ideias, Comte defende a tese da evolução do ser humano em três estágios, os dois primeiros teriam sido o Teológico e o Metafísico, provisórios e preparatórios para o terceiro estágio, o Positivista. Ele coloca os estágios iniciais como sendo, respectivamente, de busca pelo “sobrenatural” e de preocupação com “questões insolúveis e desnecessárias”, como momentos iniciais da consciência humana, que atingiria um estágio definitivo – o Positivo. Em tal estágio, “a razão emancipada da imaginação não se preocupa mais com as pesquisas absolutas e metafísicas, mas com observação, única base possível dos conhecimentos realmente acessíveis, criteriosamente adaptados às nossas necessidades efetivas, segundo Comte” (MORAES-JUNIOR; CHRIST; CELANTI, s/d, p. 9). Portanto, são tais pensamentos fundantes do capitalismo materialista em que vivemos atualmente, quando muitos tendem a desmerecer o conhecimento sensível e espiritual da existência.

 

[iii] MORAES-JUNIOR, L. R.; CHRIST, F. M.; CELANTI, R. E. A globalização descartável: as principais noções que fundamentam a racionalidade do viver na Era do Capital. [s/d]. Disponível em: http://www.ienomat.com.br/revistas/pedagogia/journals/1/articles/178/public/178-570-1-PB.pdf. Acessado em: 19 dez 2022.

 

Apresentação Geral

Madhurya é a vida se expressando como fluência amorosa, doce e linda. ...