sábado, 16 de outubro de 2021

Bhakti-Rasa e o Caminho da Flor de Lótus

 


Bhakti-Rasa parte do conceito de serviço devocional (bhakti) para, então, conduzir a mente a pensar na profundidade da experiência da relação íntima transcendental da alma com Deus (Krishna). Mas, a obra vai além, propondo a transposição das barreiras impostas pela institucionalização das religiões ao descrever o amor às duas formas de Deus – Krishna e Shiva. Ou seja, não se trata de uma obra Vaishnava, mas também é Vaishnava. Não é apenas isso, no entanto, sendo também Shaiva.

A devoção a Shankaranarayana aparece nas seções que descrevem as lilas (passatempos transcendentais), expondo “o que, por meio da intimidade conjugal, Radhika e Shri Krishna demonstram ser relevante para, através deste relato, ser revelado para a alma que está buscando por liberdade”. Ademais, elas (as lilas) “também contam o que Ishana e Isha[i] desejam expressar dentro de uma obra assim”.

O livro foi escrito ao longo de uma experiência que envolveu imersões extáticas profundas e contínuas com Krishna (Shiva). Além do que, ele foi sendo trabalhado sob influência da permanência de aproximadamente três anos na Índia, quando foram realizadas peregrinações a diversos lugares sagrados, estudos das escrituras do Hinduísmo e das principais linhas de devoção Vaishnavas e Shaivas, bem como se contatou com gurus de linhas de devoção fidedignas e diversificadas.

A obra, portanto, expressa um caminho (um yoga) que conduz à iluminação através do achado de uma luz interior que existe para sempre dentro do coração de cada um. Tal caminho é constituído de muita renúncia às propensões materialistas da vida comum. Descreve-se a experiência da renúncia se fazendo, quatro estágios de renúncia, além de outras considerações que esclarecem melhor como é a vida de um verdadeiro renunciante.

As três seções que explicam aspectos das emoções de quem, ao alcançar à meta de tal caminho, participa dos passatempos eternos se subdivide em: a) manifestações do romance de Radha Krishna – lila de Banke Bihari, Radha Ramana, noites de Vrindavana, dança da rasa, vamsi vata, Shri Shri Radha Shyamasundara e o escuro de Varsana; b) a meditação profunda de Srimati Radharani, a partir da qual a autora do livro constitui-se em cena; c) o casamento de Shiva Parvati, expressando emoções de bhava da Shakti divina neste seu outro humor.

O livro serve bem para aqueles que gostam de coisas novas e os que aceitam que o mundo está sendo constantemente recriado. Não servirá, no entanto, para a mente dogmática e sectária dos que acreditam que somente sua própria religião conduz à Verdade Eterna. Enfim, trata-se de uma obra que não pretende aprisionar, mas libertar o coração para que ele possa seguir o rumo do seu mais profundo e sincero amor – o amor que reciprocamos com a Pessoa Suprema (Krishna Shiva).

 

Mais textos obtidos do livro:

Caminho da Flor de Lótus (Kamala ou Padma Yoga)

https://jardinsdekrishna.com/2020/01/19/caminho-da-flor-de-lotus-kamala-ou-padma-yoga/

 



 

[i] Ishana e Isha são nomes de Shiva e Parvati, que designam a Fonte masculina de origem de todos os universos e seu potencial criativo feminino.

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