sábado, 7 de dezembro de 2024

Apresentação Geral





Madhurya é a vida se expressando como fluência amorosa, doce e linda. Ela é como a beleza da flor que exala a fragrância perfeita; e a paisagem mais bela que se possa conceber.


Trata-se de um jeito de estar em todos os mundos em que Krishna esteja ao mesmo tempo, pois transcende as fronteiras deles.

Desde que haja Krishna, então há tudo o que é preciso para existir tal bhava. Ele é o eixo da existência e o centro das atenções na doçura do amor. É o amado eterno e Senhor de tudo o que se possa pensar, sentir e ver.

Madhurya faz o mundo girar em torno dEle, sendo Ele a Fonte e também o Fim do que se quer para sempre ser.

Quem descobre-se amando à Pessoa de Deus assim, já não poderá mais conter o sentimento que exaure todos os sentidos, quando eles só pretendem servir ao Amor que por Madhava se sente.


Que amor é este, então?

Um amor assim tão grande, que nada pode vencer, é a verdadeira experiência de vida. Ele é puro, isento de máculas. Perfeito e intenso, este amor é a vitória maior a se conquistar.

Quem o desconhece não tem como atinar para o seu significado. Mas, ao vivenciá-lo, nada mais há que se desejar, exceto a Krishna se entregar.

Este amor está nas escrituras mais sagradas, as quais descrevem o que as gopis sentem pelo seu Amado. É este sentimento que as esposas de Shri Hari expressam, quando absortas nEle

"permaneciam sem fala alguns instantes”, para então, repentinamente “irromperem em palavras incoerentes de modo semelhante a lunáticas. Na intensidade do seu amor, elas (de tempos em tempos, experimentavam dor excruciante de separação do seu Senhor, mesmo na Sua presença e) paravam com suas falas delirantes (Srimad-Bhagavatam 10.90.14)”.

Só quem experimenta de madhurya-rasa sabe exatamente do que se trata tal excruciante dor que as esposas sentem ao pensarem em se separar de Krishna.

Afinal, o amor conjugal pelo Senhor da vida (Deus) transcende qualquer limite. Logo, não existem limitações ao desejo de se querer estar ao lado dEle; o que acontece por ser a Pessoa Suprema que pensa estar relacionando-se com quem percebe-se relacionar-se desta maneira com Ele.

Krishna não pode ser circunscrito por nenhum tipo de fronteira, mesmo que seja do pensamento. Sendo a Absoluta Personalidade, Ele é o infinito e Suas relações transbordam perfeição e beleza.

Quem tem este tipo de experiência, no bhava de Madhurya, vive em uma condição que é também infinita. Sendo tal vivência tão perfeita, pura, doce, delicada e intensa, a contraparte de Shri Hari se deixa levar por este imenso “buraco negro” que Ele é (do qual é impossível escapar).



Os textos e poesias deste blog foram redigidos por Shri Krishna Madhurya, como expressão do seu amor conjugal por Krishna. Conheça também https://shankarayanamah.blogspot.com/ e https://jardinsdekrishna.com.  

Outras Lilas Amorosas: Andal na Consciência de Bhu Devi

Figura 1 - Templo da Shri Sampradaya, Vrindavana, Uttar Pradesh
 

Sumário do Livro Madhurya, a Rasa da Doçura


Além dos passatempos que se tornaram conhecidos através do aparecimento direto de Shri Krishna no planeta, existem alguns eventos raros de experiências conjugais com o Senhor enquanto Ele não está aqui diretamente. Um desses eventos é o aparecimento de Shri Andal, que é reconhecida como consorte de Shri Hari, mais especificamente na conformação de Bhu Devi.

Ela era a filha adotiva de Periyaalvaar, um devoto brahmana e um dos alwar (poetas e santos imersos em Deus) da Shri Sampradaya, que a encontrou no jardim do templo Vadapathrasayee, em Srivilliputtur, Tamil Nadu, Índia. Foi-lhe dado o nome de Godha e foi criada ouvindo as lilas de Krishna.

A sua identidade divina veio a ser reconhecida quando Periyaalvaar descobriu que Andal experimentava as guirlandas antes de as oferecer à Divindade e, ao proibi-la de continuar a fabricá-las, Periyaalvaar foi avisado pela divindade Vadapatrasayee para Lhe oferecer apenas as guirlandas de flores usadas antes por Godha.

O nome de Andal “aquela que controla” surgiu deste passatempo e, a partir desse passatempo, Shri Andal decidiu que casaria apenas com Krishna. Com isto em mente, seguiu as Gopis e manteve-se em jejum no mês de Margashirsha, durante 30 dias; e compôs um verso por dia do que é coletivamente conhecido como Tiruppaavai.

Na última noite após ter completado o processo, Periyaalvaar teve um sonho em que Shri Ranganatha lhe pedia para levar Andal vestida de noiva para Srirangam. Ao entrar no altar do Templo, Andal, maravilhada, tocou nos pés da divindade e desapareceu. 

Shri Andal é uma encarnação parcial (amshavataaram) de Shri Devi (Mahalakshmi/Radha/Rukmini/Sita). Esta vinda de Shri Devi em forma humana (como Bhu devi ou Andal) mostra que a jiva (alma), ao nascer num corpo humano, deve ter como objetivo a realização de Paramaatma. Para isso, a pessoa tem que dedicar pensamentos, palavras e atos ao Senhor, através dos quais alcança uma relação íntima transcendental com Deus (rasa), que, quando conscientemente experimentada através do acesso ao Siddha deha, revela a Consciência Absoluta para a pessoa humana.

Andal, nos seus poemas (Tiruppaavai e Naacchiyaar Tirumozhi), mostra um estado de parama ou para bhakti que provoca um desejo intenso de estar sempre com o Senhor. Aqueles que experimentam este desejo perdem o interesse pela vida exterior, se não houver alguma forma de unidade com Ele no que se faz externamente.

Pode-se ver que Shri é Lakshmi, Radha, Rukmini, Sita, ou seja, a principal expressão da essência da consorte de Krishna. Bhu é uma projeção de Shri para fins específicos, tal como Bhumi Devi, Satyabhama, Padmavathi e Andal. Estas expressões da mesma consciência, Shri Radhe, no estado de atração conjugal por Krishna, podem ser vistas como diferentes formas de ser. O mais extenso destes níveis é Radha (Shri Devi/Mahalakshmi/Rukmini/Sita), que contém outros dois níveis (Bhu Devi e Nila Devi). Bhu Devi contém expressões de Nila Devi em si mesma, mas não as manifestações de Shri Devi, que, no entanto, a contém. Nila (ou Nappinnai) é uma identidade (um arquétipo) multiplicada para desenhar o lila do Senhor, aparecendo em formas adicionais como expansões de Shri - como numerosas gopis e esposas de Shri Krishna. 

Nila Devi é um arquétipo para numerosas encarnações que existem como partes ou expansões de Shri Devi. Há interações entre elas e formam um todo completo, que tem um significado superior. As teias amorosas e as ondas de propagação de Madhurya, que contêm lilas de Shri Krishna, incluem as gopis, as rainhas e as outras manifestações do ternário (Shri, Bhu, Nila), que é a consciência de Radha.

Perguntas/Respostas
Diálogo Entre V d e Guru Ma Shri


1. Quando os três níveis de expressões de Shri Radhe (Shri, Bhu e Nila) são mencionados, dá-se a impressão de hierarquia, na qual elas compartilham o amor com o Senhor. Apesar da unidade que se diz haver para aqueles que alcançam o mundo transcendental amoroso do Senhor, será que o Senhor compartilha realmente mais ou menos amor com um ou mais de Seus associados pessoais nesse mundo transcendental amoroso?

Não se trata de uma hierarquia exatamente, mas de uma gradação de abrangência da consciência na Deusa Suprema. Shri é Mahalakshmi, em unidade com Durga e Sarasvati, na Tridevi. Ela é a própria Deusa Suprema, sendo Radha, Rukmini e Sita humores dEla mesma. Mas Bhu é uma avatara parcial de Shri, portanto não tem a mesma abrangência de consciência no todo da criação-sustentação-destruição que Shri Devi tem. Nila é ainda mais parcial do que Bhu. Sendo assim, a unidade para Bhu e Nila com Radha acontece em episódios, enquanto para Lakshmi (Shri Devi) é eterna, por se tratar da mesma Deusa Suprema. No mundo transcendental todas as consortes estão satisfeitas com sua maneira de ser e de reciprocar amor com o Senhor, exatamente por causa de tais episódios de vivência da unidade com Shri Devi. Ao mesmo tempo, há sim experiências de ciúmes, de sentimentos de separação e de lamentação, em qualquer uma das formas das consortes de Krishna, o que se pode perceber nas lilas. As experiências são extáticas, no entanto. Sendo plenas de sat-cit-ananda, não causam o mesmo tipo de sofrimento da linearidade.

2. Que expressão exatamente não está presente na manifestação de Bhu Devi e só está presente em Shri Devi e o que é que não está presente em Nila Devi (que é o arquétipo das outras consortes do Senhor) que está presente em Bhu Devi e Shri Devi?

Bhu Devi é uma manifestação parcial de Shri Devi, sendo a Divindade que preside a Terra. Shri Devi por sua vez é a própria Prakriti, a Natureza, a Adi-Shakti. Ela é Durga, enquanto Bhu Devi é Ganga. Ela é Sarasvati, enquanto Bhu Devi é Gayatri. Shri Devi é a consciência mais plena da Deusa, por isso ela contém em si Bhu Devi e Nila Devi, como em um holograma. Nila Devi é o conjunto da consciência das gopis e das esposas de Krishna, que não sejam as próprias Radha/Rukmini – Candravali/Satyabhama. Shri Devi as contém em si, não podendo ser contida pelas demais, assim como Krishna contém em si seus avataras parciais, não sendo contido por eles.

3. Nos poemas de Shri Andal e Mira Bai, parece que elas só mostravam principalmente uma devoção pontual ao Senhor. Não mostraram elas devoção para com Shri Devi (Lakshmi/Radha/Rukmini/Sita) com a mesma intensidade com que o faziam para com o Senhor?

Andal em suas poesias se referiu a Shri Devi, sendo sim devota ardente dEla. A Shri Sampradaya tem ambas – Shri e Bhu Devi - em suas adorações e altares. Sendo Andal filha adotiva de um dos Alvars da Sampradaya, não deixou de se devotar à Shri Devi (Mahalakshmi) em nenhum momento. No entanto madhurya bhava sempre denota tal atração conjugal pelo vishaya, por Krishna. Isso é natural que aconteça, o que difere de sakhya e manjari bhava. Mira Bai se identificava com Radha, por causa dos seus momentos episódicos de unidade com Ela (nEla). Ao mesmo tempo, Ela demonstrava, em muitas de suas canções, sentimentos de separação e de sofrência por desejá-Lo em gopi bhava, ou seja, como parte da consciência de Nila Devi.

Other Loving Lilas: Andal in Bhu Devi's Consciousness

 

Figure 1 - Guru Ma Shri (Shri Krishna Madhurya) in a Shri Sampradaya Temple, Vrindavan - UP

 

Summary from the Book Madhurya, the Rasa of Sweetness

Besides pastimes that became known through the direct appearance of Shri Krishna on the planet, there are some rare events of conjugal experiences with the Lord while He is not here directly. One such event is the appearance of Shri Andal who is recognized as consort of Shri Hari, more specifically in the conformation of Bhu Devi.

She was the foster daughter of Periyaalvaar, a brahmana devotee and one of Shri Sampradaya's alwar (poets and saints immersed in God) who found her in the garden of Vadapathrasayee temple in Srivilliputtur, Tamil Nadu, India. She was named Godha and was raised listening to Krishna's lilas. Her divine identity came to be recognized when Periyaalvaar discovered that Andal tried the garlands before offering to the Deity and, upon forbidding her to continue manufacturing them, Periyaalvaar was warned by Vadapatrasayee deity to offer Him only flower's garlands worn before by Godha. 

Andal's name "the one which controls" arose from this pastime and from such pastime Shri Andal decided that she would marry only Krishna. With this in mind she followed the Gopis and kept fast on month of Margashirsha for 30 days and composed one verse each day of what is collectively known as Tiruppaavai.

In the last night after she had completed the process, Periyaalvaar had a dream in which Shri Ranganatha asked him to take Andal dressed as a bride to Srirangam. When entering the altar of the Temple, Andal astonished touched the feet of the deity and disappeared.

Shri Andal is a partial incarnation (amshavataaram) of Shri Devi (Mahalakshmi/Radha/Rukmini/Sita). This coming of Shri Devi in human form (as Bhu devi or Andal) shows that jiva (soul), when being born in a human body, should aim at the realization of Paramaatma. To do that, the person has to devote thoughts, words and deeds to the Lord, through which, one achieves transcendental intimate relationship with God (rasa), what while consciously experienced through access of Siddha deha reveals Absolute Consciousness to the human person.

Andal in her poems (Tiruppaavai and Naacchiyaar Tirumozhi) shows a state of parama or para bhakti that causes intense desire for always being with the Lord. Those who experience this desire lose interest in external life if there is not some form of unity with Him.

It can be seen that Shri is Lakshmi, Radha, Rukmini, Sita i.e the main expression of the essence of Krishna's consort. Bhu is a projection of Shri for specific purposes, such as Bhumi Devi, Satyabhama, Padmavathi and Andal. 

Such expressions of the same consciousness, Shri Radhe in the mood of conjugal attraction to Krishna, can be seen as different ways of being. The most extensive of these levels is Radha (Shri Devi/Mahalakshmi/Rukmini/Sita) which contains other two levels (Bhu Devi and Nila Devi). Bhu Devi contains expressions of Nila Devi in herself, but not the manifestations of Shri Devi, which, however, contains her. Nila (or Nappinnai) is an identity (an archetype) multiplied in order to draw the Lord's lila appearing in additional forms as expansions of Shri - as numerous gopis and wives of Shri Krishna. 

Nila Devi is an archetype for numerous incarnations which exist as parts or expansions of Shri Devi. There are interactions between them, and they form a complete Whole, which has a Higher Meaning. Loving webs and Madhurya's waves of propagation that contain lilas of Shri Krishna include the gopis, the queens and the other manifestations of the ternary (Shri, Bhu, Nila) which is the consciousness of Radha.

Questions/Answers
Dialogue Between V d and Guru Ma Shri


1. When the three levels of expressions of Shri Radhe (Shri, Bhu and Nila) are mentioned, it gives the impression of hierarchy, in which they share love with the Lord. Despite oneness which is said to be for those who reach the transcendental loving world of the Lord, does the Lord really share more or less love with one or more of His personal associates in that loving transcendental world?

It's not exactly a hierarchy, but a gradient of the span of consciousness in the Supreme Goddess. Shri is Mahalakshmi, in unity with Durga and Sarasvati, in the Tridevi. She is the Supreme Goddess herself, Radha, Rukmini and Sita being humors of Her own. But Bhu is a partial avatar of Shri, so she doesn't have the same span of consciousness in the whole of creation-sustenance-destruction that Shri Devi has. Nila is even more partial than Bhu. Therefore, for Bhu and Nila, unity with Radha happens in episodes, while for Lakshmi (Shri Devi) it is eternal, because they are the same Supreme Goddess. In the transcendental world, all consorts are satisfied with their way of being and reciprocating love with the Lord, precisely because of these episodes of experiencing unity with Shri Devi. At the same time, there are experiences of jealousy, feelings of separation and lamentation in any of Krishna's consort forms, which can be seen in the lilas. The experiences are ecstatic, however. Being full of sat-cit-ananda, they don't cause the same kind of suffering as linearity.

2. What expression exactly is not present in manifestation of Bhu Devi and is only present in Shri Devi and what is it that is not present in Nila Devi (who is archetype for other consorts of Lord) that is present in Bhu Devi and Shri Devi?

Bhu Devi is a partial manifestation of Shri Devi, being the Divinity that presides over the Earth. Shri Devi in turn is Prakriti Herself, Nature, Adi-Shakti. She is Durga, while Bhu Devi is Ganga. She is Sarasvati, while Bhu Devi is Gayatri. Shri Devi is the fullest consciousness of the Goddess, so She contains in Herself Bhu Devi and Nila Devi, as in a hologram. Nila Devi is the whole consciousness of the gopis and Krishna's wives, other than Radha/Rukmini Herself (Shri) - Candravali/Satyabhama (Bhu). Shri Devi contains them in Herself and cannot be contained by the others, just as Krishna contains His partial avatars in Himself and is not contained by them.

3. In poems of Shri Andal and Mira Bai, it seems they only primarily showed one pointed devotion to the Lord. Did they not show devotion towards Shri Devi (Lakshmi/Radha/Rukmini/Sita) with the same intensity as they did for the Lord?

In her poems, Andal referred to Shri Devi as she was an ardent devotee of Hers. The Shri Sampradaya has both - Shri and Bhu Devi - in its worship and altars. Since Andal was the adopted daughter of one of the Sampradaya's Alvars, she never stopped devoting herself to Shri Devi (Mahalakshmi). However, madhurya bhava always denotes such conjugal attraction for the vishaya, for Krishna. This is natural, which differs from sakhya and manjari bhava. Mira Bai identified herself with Radha because of her episodic moments of unity with Her (within Her). At the same time, in many of her songs, she showed feelings of separation and suffering because she desired Him in gopi bhava, i.e. as part of Nila Devi's consciousness.

 

                                  Figure 2 - Shri Sampradaya's Temple, Vrindavan, Uttar Pradesh

Apresentação Geral

Madhurya é a vida se expressando como fluência amorosa, doce e linda. ...