terça-feira, 8 de dezembro de 2020

A Dança da Rasa

 


A dança da rasa é um evento transcendental ao mundo das formas externas, mas que pode ser sentido e vivenciado através deste contato. No entanto, apenas alguns lugares, objetos, gravuras, músicas e obras do mundo externo podem nos ajudar a alcançar tal dança e demais fatos a ela associados. Tudo que a pertence está na esfera do amor de Radha Krishna, unindo as gopis entre elas e para com o Supremo Casal.

O Srimad-Bhagavatam 10.29.2 assim começa a descrever o cenário onde a dança da rasa acontece:

tadodurajah kakubhah karair mukham
pracya vilimpann arunena santamaih
sa carsaninam udagac chuco mrjan
priyah priyaya iva dirgha-darsanah

"Naquele momento, a lua, que reina sobre as estrelas, apareceu no horizonte, espalhando no oriente os seus raios de cor vermelha e dando conforto aos que a observavam. Ela aliviava as insatisfações assim como o esposo o faz para a esposa quando a vê novamente após algum tempo sem encontrá-la". 

Percebe-se aqui que Krishna pode ser compreendido como a própria lua, a qual reina sobre as estrelas; e que seu desejo de desfrutar mais uma vez com as gopis lembra o próprio retorno do esposo após algum tempo de distanciamento da esposa.

Os raios desta lua espalharam a cor vermelha através do horizonte, o que foi o próprio Senhor que causou, aparecendo na paisagem desejoso de realizar sua maha-rasa-lila.

No entanto, no próximo verso, este elemento transcendental torna-se ainda mais preciso, com a menção à Rama (a Deusa da Fortuna). Pois, Ele, o Senhor, observa a lua, a qual lhe parece a face da Sua própria eterna Consorte, então, toca Sua flauta, encantando as mocinhas de Vraja.

A face que está no disco da lua é a própria forma da refulgência que aplaca com as insatisfações e, portanto, é a presença de Madhava ali. A forma é o aspecto feminino e a consciência é o aspecto masculino de Deus, daí o porquê de se ter compondo a lila ambos os aspectos dEle.

A visão do esposo que retorna após certo tempo de ausência existe tanto para Rama (Lakshmi ou Shri), quanto para Sua personificação nas lilas de Vrindavana (Radha e Suas amigas gopis).

A ausência é causada pelo tempo de espera entre o último evento de lua cheia de outono e o novo aparecimento de tal condição. O aparecimento da primeira lua cheia marca o inicio da nova temporada de encontros para a Dança da Rasa.

Então, a eterna Esposa se satisfaz por servir ao Esposo como Ele deseja e o desejo dEle se expressa como impulso para dançar. Tal impulso está na maneira dEle dialogar com Sua Maha-maya, a qual é também um jeito de ser (ou humor) da mesma energia feminina do Senhor; ou seja, a Dança da Rasa é executada pelo Adi-Purusha (a Pessoa Suprema) e Sua Adi-Shakti.

A Adi-Shakti contém em si tanto a inteligência que traça as formas que Ele pretende desenhar quanto as próprias formas que dão prazer ao Senhor ao com elas dançar.

Sendo assim, a lua cheia é também desenhada a partir da interação entre o principio masculino e o feminino. Quando a condição desta lua de outono aparece, o ânimo para a rasa-lila está em Madhava.

O Esposo retorna após certo tempo de afastamento e a esposa (ou esposas no plural) se regozija(m), porque, enfim, o vê(em) retornar. Este retorno aparece quando a lua brilha e seus raios iluminam a floresta.

O rei das estrelas, a própria lua (Shri Krishna), espalha Seus raios avermelhados, aparecendo no horizonte, acalmando as insatisfações que havia. As insatisfações se devem tanto à ausência da lua cheia de outono quanto de Shri Krishna ávido para a dança; e ambas às condições se completam, causando o cenário que estimula ao amor divino. 

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