sábado, 22 de fevereiro de 2025

Apresentação Geral





Madhurya é a vida se expressando como fluência amorosa, doce e linda. Ela é como a beleza da flor que exala a fragrância perfeita; e a paisagem mais bela que se possa conceber.


Trata-se de um jeito de estar em todos os mundos em que Krishna esteja ao mesmo tempo, pois transcende as fronteiras deles.

Desde que haja Krishna, então há tudo o que é preciso para existir tal bhava. Ele é o eixo da existência e o centro das atenções na doçura do amor. É o amado eterno e Senhor de tudo o que se possa pensar, sentir e ver.

Madhurya faz o mundo girar em torno dEle, sendo Ele a Fonte e também o Fim do que se quer para sempre ser.

Quem descobre-se amando à Pessoa de Deus assim, já não poderá mais conter o sentimento que exaure todos os sentidos, quando eles só pretendem servir ao Amor que por Madhava se sente.


Que amor é este, então?

Um amor assim tão grande, que nada pode vencer, é a verdadeira experiência de vida. Ele é puro, isento de máculas. Perfeito e intenso, este amor é a vitória maior a se conquistar.

Quem o desconhece não tem como atinar para o seu significado. Mas, ao vivenciá-lo, nada mais há que se desejar, exceto a Krishna se entregar.

Este amor está nas escrituras mais sagradas, as quais descrevem o que as gopis sentem pelo seu Amado. É este sentimento que as esposas de Shri Hari expressam, quando absortas nEle

"permaneciam sem fala alguns instantes”, para então, repentinamente “irromperem em palavras incoerentes de modo semelhante a lunáticas. Na intensidade do seu amor, elas (de tempos em tempos, experimentavam dor excruciante de separação do seu Senhor, mesmo na Sua presença e) paravam com suas falas delirantes (Srimad-Bhagavatam 10.90.14)”.

Só quem experimenta de madhurya-rasa sabe exatamente do que se trata tal excruciante dor que as esposas sentem ao pensarem em se separar de Krishna.

Afinal, o amor conjugal pelo Senhor da vida (Deus) transcende qualquer limite. Logo, não existem limitações ao desejo de se querer estar ao lado dEle; o que acontece por ser a Pessoa Suprema que pensa estar relacionando-se com quem percebe-se relacionar-se desta maneira com Ele.

Krishna não pode ser circunscrito por nenhum tipo de fronteira, mesmo que seja do pensamento. Sendo a Absoluta Personalidade, Ele é o infinito e Suas relações transbordam perfeição e beleza.

Quem tem este tipo de experiência, no bhava de Madhurya, vive em uma condição que é também infinita. Sendo tal vivência tão perfeita, pura, doce, delicada e intensa, a contraparte de Shri Hari se deixa levar por este imenso “buraco negro” que Ele é (do qual é impossível escapar).



Os textos e poesias deste blog foram redigidos por Shri Krishna Madhurya, como expressão do seu amor conjugal por Krishna. Conheça também https://shankarayanamah.blogspot.com/ e https://jardinsdekrishna.com.  

Ensinamentos de Shri Krishna

 


                                             Figure 1 - Krishna (by Pete Linforth).

Sumário do Livro Madhurya, a Rasa da Doçura

O Senhor deu-me a posição de fundadora e líder espiritual de uma expressão religiosa adicional para o mundo e intitulou-a de Religião Bhagavata da Nova Era (Neo Bhagavata). Escrevemos juntos o que é revelado neste lado do mundo sob a forma de livros e outros recursos.

Shri Krishna aborda esta religião como um novo caminho que pode ser oferecido sempre que o novo é merecido. Ele propõe novas fórmulas e implementa novos argumentos, mas todos eles existem para sempre. Ele deseja revelar o que ainda não foi revelado e, portanto, não deve haver contradições nas mentes daqueles a quem Ele dá esse conhecimento.

Esta nova expressão religiosa foi introduzida inicialmente como o Templo da Fé Neo Bhagavata, na cidade do Rio de Janeiro (Brasil). Como parte das atividades cotidianas do mesmo Templo, há as minhas interações diárias com o Senhor, das quais nasceu a necessidade de ensinar Rasa-tattva.

Propus uma leitura conjunta da obra Jaiva-dharma de Shrila Bhaktivinoda Thakura com Krishna. Esta obra está repleta de importantes realizações transcendentais, sendo um dos meus melhores guias literários. A leitura conjunta com Krishna ocorre através da interação da minha mente racional no mundo linear com a minha consciência transcendental que reciproca experiências com Ele.

Doze textos foram gerados a partir desse esforço.

Na introdução, Ele disse o seguinte: “Há uma ciência que pode ser desenvolvida sobre esta questão (rasa-tattva). Aqui quero aprofundá-la, a fim de proporcionar ao ser humano a oportunidade de Me encontrar através da sua própria compreensão. Isso facilitará à alma a apreensão do que a fará estar comigo”.

A intenção principal por trás da exibição de madhura-rasa-lila à Terra é tornar disponível para os seres humanos a oportunidade de realizar a Pessoa Suprema.

Em “Rasa-tattva, Princípios do Amor Divino”, um dos textos que escrevi com Ele, Shri Hari ensina que Radharani é a personificação da contraparte feminina do Amor Conjugal em sua mais plena perfeição e, a partir dEla, fluem todas as outras conformações do aspeto feminino com as quais Ele co-criou e articulou as múltiplas manifestações de madhura-rasa. Todas estas conformações estão n'Ela e pertencem-Lhe. Desta forma, Shri Radhe é completa e agrada plenamente a Krishna. Ele tem-Na como aquela que O satisfaz, articulando o amor com total perfeição.

Aquele que cultiva um profundo amor pelo Senhor, enquanto vive na realidade material, passa da materialidade do universo para a Sua morada eterna e essa transferência pode ocorrer mesmo enquanto se vive conscientemente, tendo um corpo físico no planeta, para os passatempos eternos. Eventos raros deste tipo são feitos apenas para manifestar algo desta relação e ficam registados para sempre na história espiritual da sociedade.

Há religiões e outras formas pelas quais o Senhor se manifesta. Para ser notado, o Senhor se expõe em diferentes bhavas, entre os quais madhurya é expresso através de muitos recursos: Shrimad Bhagavatam, a literatura devocional dos acharyas Brahma-Madhava-Gaudiya-Sampradaya, os hinos de Andal e os escritos poéticos de Mirabai.

Estou agora construindo uma parte do que meu Amado Consorte quer que eu realize enquanto permaneço associada ao campo da existência material. Ao mesmo tempo, estou com Ele em experiência transcendental.

Por meio desta Religião Bhagavata da Nova Era (Neo Bhagavata), Krishna ensina-nos a rever os nossos valores e a mudar as nossas opiniões sempre que isso for necessário para nos abrirmos a percepções profundas. Até Arjuna teve a necessidade de compreender que precisava se abrir para o que Krishna estava lhe oferecendo.

Keshava instruiu-o profundamente, o que está exposto no eterno e sempre contemporâneo Bhagavad-Gita. Num dos Seus ensinamentos, Madhava diz-nos que “o não cumprimento do dever prescrito leva a alma ao fracasso das suas interações com o que tem de realizar como parte do que representa na totalidade que a tudo contém, incluindo ela própria e as suas tarefas”.

Não fazer o que a pessoa precisa fazer é insatisfatório e torna a vida estéril e mal orientada. Portanto, estou apenas cumprindo com o meu dever, completamente apoiada pelo meu vishaya em madhurya bhava. O meu dever envolve as atividades que devo realizar como mestra da manifestação religiosa de Madhurya para a Nova Era. Estou deixando que Ele me guie. Tenho que ser capaz de ajudar os passos daqueles que desejam dar a si mesmos a oportunidade de obter conhecimento íntimo sobre os procedimentos desta nova religião. Isso é o que se exterioriza enquanto sirvo ao Senhor em prema-bhakti, completamente absorta na consciência transcendental.

Shri Krishna ensina que o sentimento de amor que Ele retribui à alma é tão intenso quanto a alma se permite cultivar e não há limites para que Ele se relacione com Seus devotos. O Senhor permite o acesso à Sua Morada Eterna sempre que, através da auto-realização, a alma supera as compreensões imperfeitas sobre a sua natureza.

Na Sua Morada Eterna, assumo a condição de consorte. Mas é importante mencionar que, para chegar à condição atual no relacionamento com Shri Hari, tive que passar por muitas fases diferentes. Nelas, vivi os sintomas caraterísticos de cada etapa, que Ele foi me dando aos poucos. Tais sintomas são chamados anubhavas. Krishna explica em Rasa-tattva que Bhava é o que aparece quando há algum tipo de interação. Pode ser mais ou menos profundo, variando de acordo com a maneira como Ele se expressa através da mesma relação. Manifesta-se sob a forma de sintomas e mudanças no carácter e no corpo da pessoa que tem o prazer de se relacionar com Ele.

As mudanças de caráter e sentimentos de cada novo momento que vivi até a escrita deste livro foram sendo traduzidas nas minhas expressões poéticas.

 

Perguntas/Respostas

Diálogo Entre V d e Guru Ma Shri

1. Diz-se muitas vezes que um devoto puro nem sequer deseja os 5 tipos de liberação - Salokya, Sampiya, Sarupya, Sarshti, Sayujya - em vez disso, ele deseja que, vida após vida, obtenha devoção ao Senhor.

O que é que isto significa? Eu acredito que Sampiya Moksha é extremamente desejável.

Para começar a responder a essa pergunta, vamos lembrar quais são os cinco tipos de liberação mencionados no Srimad Bhagavatam (3.29.13): salokya – ir viver na morada do Senhor; sampiya – ir para perto dEle, não importa onde Ele estiver; sarupya – adquirir forma semelhante à do Senhor; Sarshti – adquirir a mesma opulência que Ele; e Sayujya – adentrar no corpo dEle (fundir-se com Ele). Daí compreendemos que o devoto puro já tem tudo o que ele precisa ter, não sendo necessário desejar mais nada. Afinal a devoção pura é imersão no amor transcendental e na vida divina, quando se vivencia aquilo que se é junto da Pessoa de Deus. Por estar nesse tipo de consciência, o devoto puro transcendeu qualquer tipo de desejo que não lhe pertença. Isso pode corresponder a uma liberação do tipo salokya, sampiya, sarupya, sarshti ou sayujya e/ou a um misto de um ou mais de tais tipos de liberações. Temos o que precisamos ter, quando servimos com pureza ao Senhor, segundo nosso destino eterno. Quanto a acreditar que sampiya moksha é desejável, V d, é natural, para quem ama Krishna, cultivar em seu coração o desejo de estar sempre perto dEle. Vipralambha é inclusive um sentimento profundo de separação amorosa que a impressão de distanciamento nos causa. No entanto, compreendamos que, quando estamos liberados, não nos afastamos mais dEle, apesar de, em alguns momentos, Madhava nos inspirar tal sentimento de separação, do qual desfruta, ao experimentar do nosso profundo amor por Sua Pessoa.



Figure 2 - Krishna (by Sugandha-art)

Shri Krishna's Teachings


                                            Figure 1 - Krishna (by Pete Linforth)

       Summary From the Book Madhurya, the Rasa of Sweetness

The Lord gave me the position of founder and spiritual leader of an additional religious expression to the world and entitled it as New Age Bhagavata (Neo Bhagavata) Religion . We write together what is revealed in this side of the world in the form of books and other resources.

Shri Krishna addresses this religion as a new path that can be offered whenever new is deserved. He proposes new formulas and implements new arguments, but they all exist forever. He wishes to reveal what has not yet been revealed and therefore there must be no contradictions in the minds of those for whom He gives knowledge.

This new religious expression was introduced at first as the Temple of Neo Bhagavata Faith, in the city of Rio de Janeiro (Brazil). As part of daily activities of the same Temple, there are my daily interactions with the Lord, from which the need to teach Rasa-tattva was born.

I proposed a joint reading of Shrila Bhaktivinoda Thakura's work Jaiva-dharma with Krishna. This work is full of important transcendental realizations, being one of my best literary guides. Joint reading with Krishna occurs through interaction of my reasoning mind in the linear world with my transcendental consciousness which reciprocates experiences with Him.

Twelve texts were generated because of this effort.

In the introduction, He stood thus: "There is a science that can be developed on this question (rasa-tattva). Here I want to deepen it, in order to provide the human being the opportunity to find Me through its own understandings. It will facilitate the soul's apprehension of what will make it be with Me."

The main intention behind the exhibition of madhura-rasa-lila to Earth is to make available for humans the opportunity to realize the Supreme Person.

In "Rasa-tattva, Principles of Divine Love", one of this texts that I wrote with Him, Shri Hari teaches that Radharani is the embodiment of female counterpart of the Conjugal Love in its fullest perfection and, from Her, flows all other conformations of the feminine aspect with which He co-creates and articulate the multiple manifestations of madhura-rasa. All these conformations are in Her and belong to Her. This way, Shri Radhe is complete and fully pleases Krishna. He has Her as one that makes Him satisfied by articulating love with complete perfection.

One who cultivates deep love for the Lord while living in the material reality moves from the materiality of the universe to His eternal abode and such transfer can occur even while living consciously, having a physical body on the planet, to the eternal pastimes. Rare events of this type are made only to manifest something from this relationship and are recorded forever in the spiritual history of society.

There are religions and other ways through which the Lord manifests Himself. To be noticed, the Lord exposes Himself in different bhavas, among which madhurya is expressed through many resources: Shrimad Bhagavatam, the devotional literature of Brahma-Madhava-Gaudiya-Sampradaya acharyas, the hymns of Andal and poetic writings of Mirabai.

I am now building a part of what my beloved Consort wants me to accomplish while I remain associated with the field of material existence. At the same time, I am with Him in transcendental experience.

By means of this New Age Bhagavata (Neo Bhagavata) Religion, Krishna teaches us to review our values and change our opinions whenever this becomes necessary to make ourselves open for profound insights. Even Arjuna had the necessity to understand that he needed to open up to what Krishna was offering him.

Keshava instructed him deeply, what is exposed in the eternal and forever contemporary Bhagavad-Gita. In one of His teachings, Madhava tells us that the “failure to comply with the prescribed duty leads the soul to the failure of its interactions with what it has to perform as part of what it represents in the totality that contains everything, including itself and its tasks".

Failure to do what the person needs to do is unsatisfactory and makes life sterile and misguided. Therefore, I am just fulfilling my duty, completely supported by my vishaya in madhurya bhava. My duty involves the activities I must realize as a heading master for this New Age’s Madhurya religious manifestation. I am letting Him guide me. I have to be able to assist the footsteps of those who wish to give themselves the chance of getting intimate knowledge around the procedures of this new religion. This is what is externalizing while I serve the Lord in prema-bhakti, completely absorbed in transcendental consciousness.

Shri Krishna teaches that the love feeling that He reciprocates with the soul is as intense as the soul allows itself to cultivate and there are no limits in which He relates with His devotees. The Lord allows access to His Eternal Abode whenever, through self-realization, the soul overcomes the imperfect understandings about its nature.

In His Eternal Abode, I assume the condition of consort. But it is important to mention that to get the current condition within the relationship with Shri Hari, I had to go through many different phases. In them, I lived the characteristic symptoms of each stage, which He gave to me gradually. Such symptoms are called anubhavas. Krishna explains in Rasa-tattva that Bhava is what appears when there is some kind of interaction. It can be more or less depth, varying according to the manner that He expresses Himself through the same relation. It manifests in the form of symptoms and changes in the character and body of the person that is pleased to relate with Him.

The changes in character and feelings of each new moment that I lived until writing of this book were being translated into my poetic expressions.

 

Questions/Answers

Dialogue Between V d and Guru Ma Shri


1. It is often said that a pure devotee never even desires 5 kinds of liberation - Salokya, Sampiya, Sarupya, Sarshti, Sayujya instead he desires that life after life he gets devotion to the Lord.

What does this mean? I believe Sampiya Moksha is extremely desirable.

To start answering this question, let's remember the five types of liberation mentioned in the Srimad Bhagavatam (3.29.13): salokya - going to live in the Lord's abode; sampiya - getting close to Him, no matter where He is; sarupya - acquiring a form similar to the Lord's; sarshti - getting the same opulence as Him; and sayujya - entering His body (merging with Him). From this we understand that the pure devotee already has everything he / she needs to have, and there is no need to desire anything else. After all, pure devotion is immersion in transcendental love and divine life, when you experience what you are together with the Person of God. By being in this kind of consciousness, pure devotee has transcended any kind of desire that doesn't belong to him or her. This can correspond to a salokya, sampiya, sarupya, sarshti or sayujya type of liberation and/or a mixture of one or more of these types of liberations. We have what we need when we serve the Lord with purity, according to our eternal destiny. As for believing that sampiya moksha is desirable, V d, it is natural for those who love Krishna to cultivate in their hearts the desire to always be close to Him. Vipralambha is even a deep feeling of amorous separation that the impression of distance gives us. However, let's understand that when we are liberated, we no longer distance ourselves from Him, even though at times Madhava inspires such a feeling of separation in us, from which He enjoys when experiencing our deep love for His Person.



Figure 2 - Krishna (by Satheesh Sankaran)

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Minha Experiência Pessoal em Madhurya

 

Figura 1 - Templo de Shri Radha Gopinatha, Vrindavana.
 

Sumário do Livro Madhurya, a Rasa da Doçura

 
A experiência que tenho é bem diferente das expressões indianas madhura-rasa de Shri Krishna, porque no Brasil há muitas pessoas que não sabem quem é Krishna, com raras exceções. Mas, de fato, o próprio Senhor explica em Rasa-tattva (2014): “Não há como corromper o que Eu contenho, porque isso está dentro de Mim e pertence a Mim. Eu mantenho-o existente enquanto pretendo expressá-lo como algo que se faz conter por ser o Meu próprio Ser sustentado”.   

Enquanto me contém, Ele faz-me permanecer absorta em prema-bhakti, enquanto O sirvo. Estou absorta em lila transcendental e isso parece um evento passado que se faz presente, para acontecer novamente no futuro. Mas creio que não me faço entender, cabe-me, no entanto, começar a definir o que Krishna quer expressar através deste texto e de outros que serão expostos mais adiante.

Quando Ele veio fazer-me vê-Lo, eu estava a começar a despertar para a Verdadeira Identidade, que a alma tem necessidade de reconhecer. Tive que parar o que estava fazendo nessa experiência linear, onde eu me ocupava com uma carreira acadêmica materialista que nunca poderia me satisfazer (Ecologia) durante anos (1986-2004).

Assim, a necessidade de recuperar essa relação eterna permaneceu velada, enquanto Keshava desejou, fazendo-me experimentar uma das suas comunidades de devotos e em algum tempo da associação com pessoas que procuram visões de mundos sutis e outros poderes místicos. Agora, vivo a minha experiência em diferentes madhurya bhavas - swakiya (esposa) e parakiya (amante) -, pois o Senhor explica no Rasa Tattva que somos as mesmas pessoas, profundamente convencidas de nos doarmos reciprocamente por meio de diferentes formas de brincar.

Ser esposa ou amante, qualquer uma das duas experiências é possível à consciência para a qual Shri Krishna pretende manifestar-se como pati e upapati, em troca de sentimentos conjugais. Ele me dá incursões a um ou outro de seus universos intercalados, para que eu possa analisar com mais consistência o que significa estar de um lado e de outro de tal condição.

Há uma forte intenção de me unir ao meu Senhor de uma forma mais profunda. A união que, por vezes, parece que quero viver, levar-me-ia à Fonte que me contém. Mas, de forma alguma, quero privar-me da oportunidade de me relacionar com Ele. Além disso, no aprofundamento desta relação, não vejo diferença entre aqui e ali e o meu mundo torna-se completamente transcendental.

O amor que reciprocamos em doçura, através do qual Shyam se torna tão claro para a minha percepção, é único. Nem sequer sou capaz de descrever este sentimento com palavras escritas, como estou tentando fazer.

Estando num país diferente daquele onde o mundo de Shri Hari sempre se manifesta (Índia), preciso esclarecer que não se deve acreditar que a presença do Senhor está confinada a fronteiras particulares. Shri Krishna está em todo o lugar; as fronteiras físicas não delimitam a Ele e aos Seus associados.

O Senhor e a alma não têm nacionalidade, não importa se o corpo é branco ou escuro, masculino ou feminino. Quando a alma vive uma vida rendida a Krishna, ela está livre de qualquer qualificação externa. Quem vive esta profunda experiência de amor transcendental com Ele, que é a Fonte de tudo o que existe, não tem nada a temer.

Ao comentar sobre o Jaiva-dharma (de Shrila Bhaktivinoda Thakura), em um de nossos diálogos, Krishna afirmou que: “Este assunto é extremamente essencial porque, através dele, a alma esgotará o que a impede de estar Comigo. É necessário conhecer tudo o que foi escrito e ir além disso, para que se possa encontrar o que ainda não foi revelado”.
Desta forma, Ele revela-se numa situação diferente, estrangeira à Índia. Dessa forma, Ele também responde a uma pergunta que, se Krishna é Deus, então por que Ele só se manifesta e aos Seus passatempos no país indiano, o que é frequentemente uma pergunta entre os brasileiros.

Perguntas/Respostas
Diálogo Entre V d e Guru Ma Shri


1. O que quer dizer quando você menciona “parece um acontecimento passado que se torna presente, para voltar a acontecer no futuro”. O que é que vai acontecer de novo no futuro? 

Estou falando da impressão de eternidade, que não tem um começo, nem um fim. A vida com Krishna é para sempre existente, por isso parece um acontecimento passado, pois os fatos da lila aconteceram em outra época do planeta. Ao mesmo tempo, eles continuam sendo vivenciados pela alma eterna no plano transcendental, sendo presentes. Por estarem associados aos ciclos de eras, eles voltarão a acontecer no planeta, por isso a impressão de que a experiência voltará a se fazer no futuro. A impressão eterna é assim, se comparada com a linear.

2. Krishna aceita múltiplas consortes, mas então como se estabelece a relação conjugal para diferentes formas de Deus - como Shri Ram - uma vez que Ele aceita apenas uma consorte - a Deusa Suprema?

Krishna e Rama são manifestações diferentes de uma mesma Pessoa Suprema. Trata-se da mesma Superalma, se expressando em lilas diferentes. Em cada uma delas, Ele decide se relacionar de uma maneira específica com Sua Consorte. Com Krishna, Ela está em Radha/Rukmini e nas gopis/esposas; e, em Rama, Ela está apenas em Sua manifestação mais plena em Sita, que é a mesma Suprema Deusa (Radha/Rukmini).

3. Em Dwarika prevalece swakiya rasa e em Vrindavan parakiya rasa, há lugar para o amor entre dois amantes solteiros (onde tanto Krishna como a alma estão solteiros em lila) ou swakiya bhava (casados com Krishna) na Leela de Vrindavan ou na morada divina do Senhor?

Em Vrindavana, Krishna é solteiro, mas suas amantes são casadas, por isso Ele se envolve com elas em parakiya rasa (humor extraconjugal). Em Dwarka, Ele é casado com Suas esposas, envolvendo-se com elas em swakiya rasa (humor conjugal). Não há nada além disso e as consortes vivem suas experiências plenas em tais humores, sem necessidade de criar algo próprio para si mesmas, diferente do que Ele mesmo propõe.

4. O que é o Bhava? Como é que as almas ainda presentes no corpo físico têm acesso a ele? Concebem-no mentalmente? 

Bhava é um humor transcendental vívido e evidente de uma relação pessoal e íntima com a Pessoa de Deus, como parte das lilas dEle. Nós, almas presentes no corpo físico, que temos acesso a ele, o fazemos por meio da nossa consciência eterna original, a qual se manifesta espontaneamente e/ou como resultado de profunda busca por autorrealização. Não é uma concepção apenas mental, pois isso em si é muito perigoso, podendo gerar automistificação. O bhava eterno é na verdade o resultado da pureza da consciência, que transcendeu o mundo meramente linear e às necessidades do ego externo. Mas a mente se torna uma aliada dessa alma purificada, quando o manasi seva se faz possível, correspondendo à vivência mental da experiência interior com a Pessoa de Deus, mesmo enquanto ainda existe um corpo físico. Trata-se de uma realidade inquestionável para nós, que a experimentamos e nossa única identidade que jamais se perderá, pois é para sempre existente.
 

5. Nas expressões poéticas dos devotos é frequentemente mencionado que eles não têm qualquer desejo próprio e que se entregam completamente a Deus, então o devoto nem sequer deseja que Deus o mantenha perto de Si, que O ame e seja amado por Ele na rasa que o seu coração mais deseja?

O desejo por Deus não está em questão, pois é a única necessidade que o devoto deve cultivar. Porém, os devotos não têm outros desejos, que lhes sejam próprios, ou seja, que não façam parte da sua relação íntima com a Pessoa Suprema.



Figura 2 - Guru Ma Shri às margens do Rio Yamuna, Vrindavana.

My Madhurya's personal Experience

 

Figure 1 - Guru Ma Shri at Rukmani Temple, Dwarka.
 

Summary from the Book Madhurya, the Rasa of Sweetness

 
The experience I have is quite different from Shri Krishna's madhura-rasa Indian expressions, because in Brazil there are so many people who do not know who Krishna is, with rare exceptions. But in fact, the Lord Himself explains in Rasa-tattva (2014): "There is no way to corrupt what I contain, because it is within Me and belongs to Me. I keep it existent while I intend to express it as something which makes itself contained for being My own Self sustained".    

While containing me, He makes me dwell absorbed in prema-bhakti, while I serve Him. I am absorbed in transcendental lila and it looks like a past event that makes itself present, in order to happen again in the future. But I believe that I do not make myself clear, it is up, however, that I must even begin to define what Krishna wants to express through this text and others that will become exposed further.

When He came to make me see Him, I was beginning to awake to the True Identity, which by the soul needs to be recognized and I had to stop what I was doing in this material experience, where I was occupying myself with a materialistic academic career that could never satisfy me (Ecology) for years (1986-2004).

So, the need to recover such an eternal relationship remained veiled, while Keshava desired, making me experience one of His devotees community and sometime of the association with people who seek for visions of subtle worlds and other mystical powers. Now I live my experience in different madhurya bhavas - swakiya (wife) and parakiya (lover) - as Lord explains in Rasa Tattva that we are the same people, deeply convinced in donating ourselves reciprocally by means of different ways of playing.

To be a wife or lover, either one of the two experiences is possible to the consciousness for which Shri Krishna intends to manifest Himself as pati and upapati, in exchange for conjugal feelings. He gives me incursions to one or another of their universes intercalated, so I can more consistently analyze what it means to be on one side and the other of such a condition.

There is a strong intention to unite with my Lord in a deeper way. The union that sometimes seems like that I want to live would blow me to the Source that contains me. But, in no way do I want to deprive myself of the opportunity to relate with Him. Besides, in the further deepening of this relationship, I see no difference between here and there and my world becomes completely transcendental.

The love that we reciprocate in sweetness, through which Shyam becomes so clear to my perception, is unique. I am not even able to describe this feeling with written words, as I am trying to do so.

Being in a country different from that one where the world of Shri Hari always manifests itself (India), I need to clarify that one should not believe that the presence of the Lord is confined to particular boundaries. Shri Krishna is everywhere; physical boundaries do not delimit Him and His associates. 

The Lord and soul have no nationality, it does not matter whether the body is white or dark, masculine or feminine. When the soul lives a surrendered life to Krishna, it is free from any external qualification. Those who live this profound experience of transcendental love with Him, who is the Source of all that is, has nothing to fear.

While commenting on Jaiva-dharma (of Shrila Bhaktivinoda Thakura), in one of our dialogues, Krishna stated that: "This matter is extremely essential because through it the soul will exhaust what prevents it from being with Me. It is necessary to know everything that has been written and go beyond that, so that one can find what has not yet been revealed."
In this way He reveals Himself in a different situation, foreign to India. In this way He also answers a question that if Krishna is God, then why He only manifests Himself and to His pastimes in Indian country, which is often a question among Brazilians.

Questions/Answers
Dialogue Between V d and Guru Ma Shri


1. What is meant when you mentioned "it looks like a past event that makes itself present, in order to happen again in the future." What will happen again in future? 

I'm referring to the impression of eternity, which has neither a beginning nor an end. Life with Krishna is forever existing, so it seems like a past event, because the events of the lila happened at another time on the planet. At the same time, they continue to be experienced by the eternal soul on the transcendental realm, being present. Because they are associated with the cycles of the ages, they will happen again on the planet, hence the impression that the experience will happen again in the future. The eternal impression is like that, compared to the linear one.

2. Krishna accepts multiple consorts but then how conjugal relationship for different forms of God - like Shri Ram established since He accepts only one consort - Supreme Goddess?

Krishna and Rama are different manifestations of the same Supreme Person. They are the same Supersoul, expressing Himself in different lilas. In each of them, He decides to relate to His Consort in a specific way. With Krishna, She is in Radha/Rukmini and the gopis/wives; and in Rama, She is only in Her fullest manifestation in Sita, who is the same Supreme Goddess (Radha/Rukmini).

 3. In Dwarika swakiya rasa is prevalent and in Vrindavan parakiya rasa is prevalent, is there a place for love between two unmarried lovers (where both Krishna and the soul are unmarried in lila) or swakiya bhava (married to Krishna) in Vrindavan Leela or in divine abode of the Lord.

In Vrindavana, Krishna is single, but his lovers are married, so He engages with them in parakiya rasa (extramarital humor). In Dwarka, He is married to His wives, engaging with them in swakiya rasa (marital humor). There is nothing other than that and the consorts live their full experiences in such moods, with no need to create something of their own, other than what He Himself proposes.

5. What is Bhava? How do souls still present in physical body get access to it? Do they mentally conceive it ?

Bhava is a vivid and evident transcendental mood of a personal and intimate relationship with the Person of God, as part of His lilas. We souls present in the physical body, who have access to it, do so through our original eternal consciousness, which manifests spontaneously and/or as a result of a deep search for self-realization. It's not just a mental conception, because that in itself is very dangerous and can lead to self-mystification. Eternal bhava is actually the result of the purity of consciousness, which has transcended the merely linear world and the needs of the external ego. But the mind becomes an ally of this purified soul when manasi seva manifests, corresponding to the mental experience of the inner experience with the Person of God, even while there is still a physical body. This is an unquestionable reality for us who experience it and our only identity that will never be lost, because it exists forever.

6. In poetic expressions of devotees it is often mentioned that they have no desire remaining of their own and they completely surrender themselves to God, then does the devotee then do not even desire that God keeps him close to Himself, love Him and be loved by Him in rasa his heart desires the most?

The desire for God is not in question, because it is the only need that the devotee must cultivate. However, devotees have no other desires that are their own, i.e. that are not part of their intimate relationship with the Supreme Person.


Figure 2 - Pilgrims at Yamuna river banks, Mathura.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Madhurya Bhava em Poemas e Canções de Mirabai

Figure 1 - Krishna (by Pete Linforth)
 

Sumário do Livro Madhurya, a Rasa da Doçura


Escritos como o Décimo Canto do Shrimad Bhagavatam, a literatura devocional dos acharyas da Brahma-Madhava-Gaudiya Sampradaya e as composições de Shri Andal descrevem, analisam e expõem sentimentos e atitudes, que juntos compõem a experiência conjugal de Deus.

Como Krishna é uma Pessoa Suprema, contém um ponto central, que está alojado em Shri Radhe, e do qual tudo emana. Outras de Suas relações com múltiplas consortes estão mais próximas desse foco central, mas há as mais distantes.

Eventos como o de Shri Andal estão entre as lilas do Senhor que estão muito próximas do centro de origem de madhurya-bhava (em Bhu Devi). Deslocando-se apenas ligeiramente do componente central, mas ainda adjacente à expressão primária da atração conjugal, outro passatempo de Shri Mirabai torna-se evidente (em Nila Devi). 

Mirabai começou a mostrar sintomas de amor por Krishna ainda muito jovem. Ela desenvolveu um forte apego à murti do Senhor, que um sadhu lhe tinha dado. Mirabai e a sua mãe tiveram uma conversa sobre o casamento de uma jovem, quando viram um cortejo nupcial que passava e comentaram que o marido da sua filha seria Shri Krishna.

Este diálogo reforçou a tendência que já estava presente no coração de Mirabai, no entanto a sua família fez um acordo para a casar com o Príncipe Bhoj Raj de Chittor. Mirabai era infeliz no seu casamento porque sabia que estava casada com Krishna e vivia este matrimónio em consciência transcendental e cantava “Eu tenho o meu Giridhar Gopal e mais ninguém é meu”.

As canções de Mirabai também mostram que ela foi perseguida pelos seus sogros, especialmente por Vikramaditya, rei de Chittor, que queria impedir a sua adoração a Shri Hari. Mirabai resistiu a todas as suas interferências negativas, desenvolvendo um amor ainda mais intenso pelo Senhor. As experiências extáticas de Mira, que começaram em privado, acabaram por se tornar públicas. Ela não deixava de sair à noite para se encontrar com satsangs e discutir espiritualidade nas ruas.

Houve tentativas de a assassinar usando comida envenenada, pregos na sua cama e uma cobra num cesto. Em todos os casos, ela foi protegida por Shri Krishna. A pressão familiar era tão intensa que ela decidiu deixar o local e, sob as instruções de alguns sábios e santos, foi para Vrindavan com poucos seguidores.

Lá ela começou a dedicar-se plena e intensamente à sua devoção a Krishna. Ela passava horas cantando bhajans e/ou experimentando prema extático junto com seu amado Senhor.

Mira experimentou profundamente a madhurya rasa com Keshava e identificou-se com uma gopi de Vrindavana. Continuou a exprimir os seus sentimentos, demonstrando um profundo amor e felicidade e as suas composições expunham tanto os seus momentos de dor de separação (vipralambha), como os seus êxtases de união com o Senhor.

Ela deixou o corpo em Dwarka e entrou na Luz do coração de Shri Krishna.

 

Notas e conclusões 

A presença de interações conjugais com Keshava, como no caso de Andal e Mirabai, contribui para manter acesa a centelha do amor conjugal pelo Senhor. É necessário manter este amor como uma Chama Sagrada acesa nesta Era de Kali e esta chama é guardada por consortes eternas da Sua fonte, Shyamsundara. Isto serve como um farol que guia as almas que precisam dele mais diretamente.

Essas experiências mostram que o profundo amor de Shri Radharani não impõe limites a si mesmo. Ele se propaga em ondas de contemplação e êxtase, que intoxicam a alma que experimenta madhurya bhava. Tal poder impulsiona a alma a buscar a libertação e estimula o desejo de amor incondicional a Deus.

Questões/Respostas
Diálogo Entre V d e Guru Ma Shri


1. Como devemos entender o fato de Shri Mirabai ter se identificado com uma gopi de Vrindavan. Foi uma identificação emocional ou foi a realização transcendental da sua swaroopa original?

Devido à fidedignidade e continuidade da sua experiência, devemos entender que a identificação emocional de Mirabai com uma gopi de Vrindavana expressa a realização transcendental da sua swaroopa original. Há numerosos casos de devotos(as) que se identificam apenas emocionalmente com a experiência das gopis, mas sem que haja fidedignidade e continuidade, o que não tem relação com a vivência da alma eterna, mas apenas com uma necessidade do ego externo de se sentir amado por Krishna em tal humor. Para haver realização transcendental tem que haver uma experiência contínua e profunda, que se expressará através de escritos, poesias, músicas, ensinamentos, discipulados, dentre outras manifestações que comprovam a veracidade da autoidentificação.
 

2. Sou eu que interpretei mal as opiniões dos devotos de Sakhi e Manjari Bhava ou eles realmente querem dizer que, para Krishna, nenhuma outra gopi realmente importa, exceto Shrimati Radharani? Será que o Senhor realmente tem amor desigual por Suas consortes e Seus associados pessoais em geral?
 

Alguns devotos de sakhi e manjari bhava repetem isso sem nenhuma realização profunda do que dizem. São como papagaios, repetitivos. Por isso, não se deve misturar ensinamentos de linhas diferentes, para não perder tempo com o que não vai ajudar a alcançar o Senhor através da autorrealização do(a) Guru (Ma) específico(a) que se está seguindo. É óbvio que Krishna tem amor profundo e puro conjugal por todas as gopis e esposas, no entanto Radha/Rukmini é a fonte feminina desse amor, a própria Adi-Shakti em humor conjugal. De qualquer forma, conforme já expliquei em outras ocasiões, a intimidade conjugal com Ele só é possível quando há unidade com tal fonte (Radha/Rukmini) na multiplicidade das gopis/esposas, quando o amor dEle é sempre puro e perfeito, de modo que essa ideia de desigualdade desaparece da consciência autorrealizada.
 

3. Por vezes, é mesmo referido que Shri Lakshmi não conseguiu entrar na Dança da Rasa, apesar de ter realizado duras penitências para isso. Em caso afirmativo, como devemos entender este fato? Não revela um amor desigual da parte do Senhor pelas Suas consortes?
 

Essa é outra ideia errônea que não deve ocupar sua mente, pois sabemos que Lakshmi, Radha, Rukmini, Sita, Parvati, Sarasvati são apenas humores de uma mesma Pessoa. Lakshmi faz penitência para, na consciência de Radha (que é dEla mesma, da Adi Shakti), vivenciar a pureza e a perfeição da dança da rasa junto com Seu eterno e amado visaya (Shri Hari). Isso não revela amor desigual da parte do Senhor por Suas consortes, pois Radha e Lakshmi é a mesma Pessoa em humores e roupagens diferentes. Para estar em uma ou outra, Ela só precisa sintonizar com as ondas do pensamentos/sentimento e do corpo/vestimentas/ornamentos daquela em que quer estar, assim como quando sintonizamos com as ondas de uma rádio em particular. A penitência de Lakshmi é parte da lila eterna, um vrata e um pedido dEla (para com Vishnu), que tem como ápice a dança da rasa, na consciência de Radha com Krishna.

Madhurya Bhava in Poems and Songs of Mirabai

                                                               Figure 1 - Krishna (by Pete Linforth).

 

Summary From the Book Madhurya, the Rasa of Sweetness


Writings such as Tenth Canto of Shrimad Bhagavatam, devotional literature of acharyas of Brahma-Madhava-Gaudiya Sampradaya and compositions of Shri Andal describes, analyzes and exposes feelings and attitudes, which together compose the conjugal experience of God.

Since Krishna is a Supreme Person, it contains a central point, which is housed in Shri Radhe, and from which everything emanates. Other of His relations with multiple consorts are closer to this central focus, but there are the more distant ones. 

Events like Shri Andal's rank among leelas of the Lord that are very close to the origin center of madhurya-bhava (in Bhu Devi). By shifting only slightly from the central component, however still adjacent to the primary expression of conjugal attraction another pastime of Shri Mirabai makes itself evident (in Nila Devi).

Mirabai began to show symptoms of love for Krishna still very young. She developed a strong attachment to the murti of the Lord, that a sadhu had given to her. Mirabai and her mother had a conversation around a girl's marriage as they saw a passing wedding procession and commented that her daughter's husband would be Shri Krishna.

This dialogue reinforced the trend that was already present in Mirabai's heart however her family made an arrangement to marry her with Prince Bhoj Raj of Chittor. Mirabai was unhappy in her marriage because she knew she was married to Krishna and lived this matrimony in transcendental consciousness and sings "I have my Giridhar Gopal and no one else is mine".

Songs of Mirabai also show that she was persecuted by her in-laws especially Vikramaditya, King of Chittor, who wanted to stop her worship of Shri Hari. Mirabai resisted all their negative interference by developing even more intense love for the Lord. Ecstatic experiences of Mira, which began in private, eventually became public. She did not fail to go out at night to meet with satsangs and discuss spirituality in the streets.

There were attempts to assassinate her by using poisoned food, nails on her bed and a snake in a basket. In all cases she was protected by Shri Krishna. The family pressure was so intense that she decided to leave the place and under the instructions of some sages and saints she went to Vrindavan with few followers.

There Mira began to dedicate herself fully and intensely to her devotion to Krishna. She would spend hours singing bhajans and/or experiencing ecstatic prema along with her beloved Lord.

She deeply experienced the madhurya rasa with Keshava and identified herself with a gopi of Vrindavana. The passionate devotee continued expressing her feelings, showing deep love and bliss and her compositions exposed both her moments of separation pain (vipralambha), as her ecstasies of union with the Lord. 

Mirabai left the body in Dwarka and entered the Light of Shri Krishna's heart.
 
Notes and Conclusions

The presence of marital interactions with Keshava as in the case of Andal and Mirabai contributes to keeping the spark of conjugal love for the Lord enlivened. It is necessary to maintain this love as a Sacred Flame lighted up in this Age of Kali and this flame is guarded by eternal consorts of Its source, Shyamsundara. This serves as a lighthouse guiding souls who need it most directly.

These experiences show that the deep love of Shri Radharani does not impose limits on itself. It propagates in waves of contemplation and ecstasy, which intoxicate the soul that experiences madhurya bhava. Such power pushes the soul to search for liberation and also encourages the desire for unconditional love for God.
 

Questions/Answers
Dialogue Between V d and Guru Ma Shri

 
1. How shall we understand that Shri Mirabai identified herself with a gopi of Vrindavan. Was it emotional identification or was it her transcendental realization of her original swaroopa?

Due to the trustworthiness and continuity of her experience, we must understand that Mirabai's emotional identification with a gopi from Vrindavana expresses the transcendental realization of her original swaroopa. There are many cases of devotees who identify only emotionally with the experience of the gopis, but without any trustworthiness or continuity, which has nothing to do with the experience of the eternal soul, but only with the external ego's need to feel loved by Krishna in such a mood. For there to be transcendental realization there has to be a continuous and profound experience, which will be expressed through writings, poetry, music, teachings, discipleship, among other manifestations that prove the veracity of self-identification.

2. Is it me who has misinterpreted views of Sakhi and Manjari Bhava devotees or do they really mean that for Krishna no other gopi really matters except Shrimati Radharani? Does the Lord really have unequal love for His consorts and His personal associates in general?

Some devotees of sakhi and manjari bhava repeat this without any deep realization of what they are saying. They are like parrots, repetitive. That's why you shouldn't confuse teachings from different paths, so as not to waste time on what won't help you reach the Lord through the self-realization of the specific Guru (Ma) you're following. It is obvious that Krishna has deep and pure conjugal love for all gopis and wives, however Radha/Rukmini is the feminine source of this love, the Adi-Shakti Herself in conjugal mood. In any case, as I have explained on other occasions, conjugal intimacy with Him is only possible when there is unity with such a source (Radha/Rukmini) in the multiplicity of gopis/wives, when His love is always pure and perfect, so that this idea of inequality disappears from the self-realized consciousness.
 

3. It is even pointed out sometimes that Shri Lakshmi did not get entry into Rasa Dance even though she is performing tough penances for it, does this have a scriptural basis? If yes how shall we understand this, does it not show unequal love on the part of the Lord for His consorts?

This is another misconception that shouldn't occupy your mind, because we know that Lakshmi, Radha, Rukmini, Sita, Parvati, Sarasvati are all just moods of the same Person. Lakshmi does penance so that, in Radha's consciousness (which is Her own, Adi Shakti's), She can experience the purity and perfection of the rasa dance together with Her eternal and beloved visaya (Shri Hari). This does not reveal unequal love on the part of the Lord for His consorts, for Radha and Lakshmi are the same Person in different moods and garments. To be in one or the other, She only needs to tune into the thought/feeling and body/clothing/ornament waves of the one She wants to be in, just like when we tune into the waves of a particular radio. Lakshmi's penance is part of the eternal lila, a vrata and a request from Her (to Vishnu), which culminates in the rasa dance, in Radha's consciousness with Krishna.

 


Figure 2 - Mirabai (by Vishal Kumar).

Apresentação Geral

Madhurya é a vida se expressando como fluência amorosa, doce e linda. ...