sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Apresentação Geral





Madhurya é a vida se expressando como fluência amorosa, doce e linda. Ela é como a beleza da flor que exala a fragrância perfeita; e a paisagem mais bela que se possa conceber.


Trata-se de um jeito de estar em todos os mundos em que Krishna esteja ao mesmo tempo, pois transcende as fronteiras deles.

Desde que haja Krishna, então há tudo o que é preciso para existir tal bhava. Ele é o eixo da existência e o centro das atenções na doçura do amor. É o amado eterno e Senhor de tudo o que se possa pensar, sentir e ver.

Madhurya faz o mundo girar em torno dEle, sendo Ele a Fonte e também o Fim do que se quer para sempre ser.

Quem descobre-se amando à Pessoa de Deus assim, já não poderá mais conter o sentimento que exaure todos os sentidos, quando eles só pretendem servir ao Amor que por Madhava se sente.


Que amor é este, então?

Um amor assim tão grande, que nada pode vencer, é a verdadeira experiência de vida. Ele é puro, isento de máculas. Perfeito e intenso, este amor é a vitória maior a se conquistar.

Quem o desconhece não tem como atinar para o seu significado. Mas, ao vivenciá-lo, nada mais há que se desejar, exceto a Krishna se entregar.

Este amor está nas escrituras mais sagradas, as quais descrevem o que as gopis sentem pelo seu Amado. É este sentimento que as esposas de Shri Hari expressam, quando absortas nEle

"permaneciam sem fala alguns instantes”, para então, repentinamente “irromperem em palavras incoerentes de modo semelhante a lunáticas. Na intensidade do seu amor, elas (de tempos em tempos, experimentavam dor excruciante de separação do seu Senhor, mesmo na Sua presença e) paravam com suas falas delirantes (Srimad-Bhagavatam 10.90.14)”.

Só quem experimenta de madhurya-rasa sabe exatamente do que se trata tal excruciante dor que as esposas sentem ao pensarem em se separar de Krishna.

Afinal, o amor conjugal pelo Senhor da vida (Deus) transcende qualquer limite. Logo, não existem limitações ao desejo de se querer estar ao lado dEle; o que acontece por ser a Pessoa Suprema que pensa estar relacionando-se com quem percebe-se relacionar-se desta maneira com Ele.

Krishna não pode ser circunscrito por nenhum tipo de fronteira, mesmo que seja do pensamento. Sendo a Absoluta Personalidade, Ele é o infinito e Suas relações transbordam perfeição e beleza.

Quem tem este tipo de experiência, no bhava de Madhurya, vive em uma condição que é também infinita. Sendo tal vivência tão perfeita, pura, doce, delicada e intensa, a contraparte de Shri Hari se deixa levar por este imenso “buraco negro” que Ele é (do qual é impossível escapar).



Os textos e poesias deste blog foram redigidos por Shri Krishna Madhurya, como expressão do seu amor conjugal por Krishna. Conheça também https://shankarayanamah.blogspot.com/ e https://jardinsdekrishna.com.  

Madhurya Bhava em Poemas e Canções de Mirabai

Figure 1 - Krishna (by Pete Linforth)
 

Sumário do Livro Madhurya, a Rasa da Doçura


Escritos como o Décimo Canto do Shrimad Bhagavatam, a literatura devocional dos acharyas da Brahma-Madhava-Gaudiya Sampradaya e as composições de Shri Andal descrevem, analisam e expõem sentimentos e atitudes, que juntos compõem a experiência conjugal de Deus.

Como Krishna é uma Pessoa Suprema, contém um ponto central, que está alojado em Shri Radhe, e do qual tudo emana. Outras de Suas relações com múltiplas consortes estão mais próximas desse foco central, mas há as mais distantes.

Eventos como o de Shri Andal estão entre as lilas do Senhor que estão muito próximas do centro de origem de madhurya-bhava (em Bhu Devi). Deslocando-se apenas ligeiramente do componente central, mas ainda adjacente à expressão primária da atração conjugal, outro passatempo de Shri Mirabai torna-se evidente (em Nila Devi). 

Mirabai começou a mostrar sintomas de amor por Krishna ainda muito jovem. Ela desenvolveu um forte apego à murti do Senhor, que um sadhu lhe tinha dado. Mirabai e a sua mãe tiveram uma conversa sobre o casamento de uma jovem, quando viram um cortejo nupcial que passava e comentaram que o marido da sua filha seria Shri Krishna.

Este diálogo reforçou a tendência que já estava presente no coração de Mirabai, no entanto a sua família fez um acordo para a casar com o Príncipe Bhoj Raj de Chittor. Mirabai era infeliz no seu casamento porque sabia que estava casada com Krishna e vivia este matrimónio em consciência transcendental e cantava “Eu tenho o meu Giridhar Gopal e mais ninguém é meu”.

As canções de Mirabai também mostram que ela foi perseguida pelos seus sogros, especialmente por Vikramaditya, rei de Chittor, que queria impedir a sua adoração a Shri Hari. Mirabai resistiu a todas as suas interferências negativas, desenvolvendo um amor ainda mais intenso pelo Senhor. As experiências extáticas de Mira, que começaram em privado, acabaram por se tornar públicas. Ela não deixava de sair à noite para se encontrar com satsangs e discutir espiritualidade nas ruas.

Houve tentativas de a assassinar usando comida envenenada, pregos na sua cama e uma cobra num cesto. Em todos os casos, ela foi protegida por Shri Krishna. A pressão familiar era tão intensa que ela decidiu deixar o local e, sob as instruções de alguns sábios e santos, foi para Vrindavan com poucos seguidores.

Lá ela começou a dedicar-se plena e intensamente à sua devoção a Krishna. Ela passava horas cantando bhajans e/ou experimentando prema extático junto com seu amado Senhor.

Mira experimentou profundamente a madhurya rasa com Keshava e identificou-se com uma gopi de Vrindavana. Continuou a exprimir os seus sentimentos, demonstrando um profundo amor e felicidade e as suas composições expunham tanto os seus momentos de dor de separação (vipralambha), como os seus êxtases de união com o Senhor.

Ela deixou o corpo em Dwarka e entrou na Luz do coração de Shri Krishna.

 

Notas e conclusões 

A presença de interações conjugais com Keshava, como no caso de Andal e Mirabai, contribui para manter acesa a centelha do amor conjugal pelo Senhor. É necessário manter este amor como uma Chama Sagrada acesa nesta Era de Kali e esta chama é guardada por consortes eternas da Sua fonte, Shyamsundara. Isto serve como um farol que guia as almas que precisam dele mais diretamente.

Essas experiências mostram que o profundo amor de Shri Radharani não impõe limites a si mesmo. Ele se propaga em ondas de contemplação e êxtase, que intoxicam a alma que experimenta madhurya bhava. Tal poder impulsiona a alma a buscar a libertação e estimula o desejo de amor incondicional a Deus.

Questões/Respostas
Diálogo Entre V d e Guru Ma Shri


1. Como devemos entender o fato de Shri Mirabai ter se identificado com uma gopi de Vrindavan. Foi uma identificação emocional ou foi a realização transcendental da sua swaroopa original?

Devido à fidedignidade e continuidade da sua experiência, devemos entender que a identificação emocional de Mirabai com uma gopi de Vrindavana expressa a realização transcendental da sua swaroopa original. Há numerosos casos de devotos(as) que se identificam apenas emocionalmente com a experiência das gopis, mas sem que haja fidedignidade e continuidade, o que não tem relação com a vivência da alma eterna, mas apenas com uma necessidade do ego externo de se sentir amado por Krishna em tal humor. Para haver realização transcendental tem que haver uma experiência contínua e profunda, que se expressará através de escritos, poesias, músicas, ensinamentos, discipulados, dentre outras manifestações que comprovam a veracidade da autoidentificação.
 

2. Sou eu que interpretei mal as opiniões dos devotos de Sakhi e Manjari Bhava ou eles realmente querem dizer que, para Krishna, nenhuma outra gopi realmente importa, exceto Shrimati Radharani? Será que o Senhor realmente tem amor desigual por Suas consortes e Seus associados pessoais em geral?
 

Alguns devotos de sakhi e manjari bhava repetem isso sem nenhuma realização profunda do que dizem. São como papagaios, repetitivos. Por isso, não se deve misturar ensinamentos de linhas diferentes, para não perder tempo com o que não vai ajudar a alcançar o Senhor através da autorrealização do(a) Guru (Ma) específico(a) que se está seguindo. É óbvio que Krishna tem amor profundo e puro conjugal por todas as gopis e esposas, no entanto Radha/Rukmini é a fonte feminina desse amor, a própria Adi-Shakti em humor conjugal. De qualquer forma, conforme já expliquei em outras ocasiões, a intimidade conjugal com Ele só é possível quando há unidade com tal fonte (Radha/Rukmini) na multiplicidade das gopis/esposas, quando o amor dEle é sempre puro e perfeito, de modo que essa ideia de desigualdade desaparece da consciência autorrealizada.
 

3. Por vezes, é mesmo referido que Shri Lakshmi não conseguiu entrar na Dança da Rasa, apesar de ter realizado duras penitências para isso. Em caso afirmativo, como devemos entender este fato? Não revela um amor desigual da parte do Senhor pelas Suas consortes?
 

Essa é outra ideia errônea que não deve ocupar sua mente, pois sabemos que Lakshmi, Radha, Rukmini, Sita, Parvati, Sarasvati são apenas humores de uma mesma Pessoa. Lakshmi faz penitência para, na consciência de Radha (que é dEla mesma, da Adi Shakti), vivenciar a pureza e a perfeição da dança da rasa junto com Seu eterno e amado visaya (Shri Hari). Isso não revela amor desigual da parte do Senhor por Suas consortes, pois Radha e Lakshmi é a mesma Pessoa em humores e roupagens diferentes. Para estar em uma ou outra, Ela só precisa sintonizar com as ondas do pensamentos/sentimento e do corpo/vestimentas/ornamentos daquela em que quer estar, assim como quando sintonizamos com as ondas de uma rádio em particular. A penitência de Lakshmi é parte da lila eterna, um vrata e um pedido dEla (para com Vishnu), que tem como ápice a dança da rasa, na consciência de Radha com Krishna.

Madhurya Bhava in Poems and Songs of Mirabai

                                                               Figure 1 - Krishna (by Pete Linforth).

 

Summary From the Book Madhurya, the Rasa of Sweetness


Writings such as Tenth Canto of Shrimad Bhagavatam, devotional literature of acharyas of Brahma-Madhava-Gaudiya Sampradaya and compositions of Shri Andal describes, analyzes and exposes feelings and attitudes, which together compose the conjugal experience of God.

Since Krishna is a Supreme Person, it contains a central point, which is housed in Shri Radhe, and from which everything emanates. Other of His relations with multiple consorts are closer to this central focus, but there are the more distant ones. 

Events like Shri Andal's rank among leelas of the Lord that are very close to the origin center of madhurya-bhava (in Bhu Devi). By shifting only slightly from the central component, however still adjacent to the primary expression of conjugal attraction another pastime of Shri Mirabai makes itself evident (in Nila Devi).

Mirabai began to show symptoms of love for Krishna still very young. She developed a strong attachment to the murti of the Lord, that a sadhu had given to her. Mirabai and her mother had a conversation around a girl's marriage as they saw a passing wedding procession and commented that her daughter's husband would be Shri Krishna.

This dialogue reinforced the trend that was already present in Mirabai's heart however her family made an arrangement to marry her with Prince Bhoj Raj of Chittor. Mirabai was unhappy in her marriage because she knew she was married to Krishna and lived this matrimony in transcendental consciousness and sings "I have my Giridhar Gopal and no one else is mine".

Songs of Mirabai also show that she was persecuted by her in-laws especially Vikramaditya, King of Chittor, who wanted to stop her worship of Shri Hari. Mirabai resisted all their negative interference by developing even more intense love for the Lord. Ecstatic experiences of Mira, which began in private, eventually became public. She did not fail to go out at night to meet with satsangs and discuss spirituality in the streets.

There were attempts to assassinate her by using poisoned food, nails on her bed and a snake in a basket. In all cases she was protected by Shri Krishna. The family pressure was so intense that she decided to leave the place and under the instructions of some sages and saints she went to Vrindavan with few followers.

There Mira began to dedicate herself fully and intensely to her devotion to Krishna. She would spend hours singing bhajans and/or experiencing ecstatic prema along with her beloved Lord.

She deeply experienced the madhurya rasa with Keshava and identified herself with a gopi of Vrindavana. The passionate devotee continued expressing her feelings, showing deep love and bliss and her compositions exposed both her moments of separation pain (vipralambha), as her ecstasies of union with the Lord. 

Mirabai left the body in Dwarka and entered the Light of Shri Krishna's heart.
 
Notes and Conclusions

The presence of marital interactions with Keshava as in the case of Andal and Mirabai contributes to keeping the spark of conjugal love for the Lord enlivened. It is necessary to maintain this love as a Sacred Flame lighted up in this Age of Kali and this flame is guarded by eternal consorts of Its source, Shyamsundara. This serves as a lighthouse guiding souls who need it most directly.

These experiences show that the deep love of Shri Radharani does not impose limits on itself. It propagates in waves of contemplation and ecstasy, which intoxicate the soul that experiences madhurya bhava. Such power pushes the soul to search for liberation and also encourages the desire for unconditional love for God.
 

Questions/Answers
Dialogue Between V d and Guru Ma Shri

 
1. How shall we understand that Shri Mirabai identified herself with a gopi of Vrindavan. Was it emotional identification or was it her transcendental realization of her original swaroopa?

Due to the trustworthiness and continuity of her experience, we must understand that Mirabai's emotional identification with a gopi from Vrindavana expresses the transcendental realization of her original swaroopa. There are many cases of devotees who identify only emotionally with the experience of the gopis, but without any trustworthiness or continuity, which has nothing to do with the experience of the eternal soul, but only with the external ego's need to feel loved by Krishna in such a mood. For there to be transcendental realization there has to be a continuous and profound experience, which will be expressed through writings, poetry, music, teachings, discipleship, among other manifestations that prove the veracity of self-identification.

2. Is it me who has misinterpreted views of Sakhi and Manjari Bhava devotees or do they really mean that for Krishna no other gopi really matters except Shrimati Radharani? Does the Lord really have unequal love for His consorts and His personal associates in general?

Some devotees of sakhi and manjari bhava repeat this without any deep realization of what they are saying. They are like parrots, repetitive. That's why you shouldn't confuse teachings from different paths, so as not to waste time on what won't help you reach the Lord through the self-realization of the specific Guru (Ma) you're following. It is obvious that Krishna has deep and pure conjugal love for all gopis and wives, however Radha/Rukmini is the feminine source of this love, the Adi-Shakti Herself in conjugal mood. In any case, as I have explained on other occasions, conjugal intimacy with Him is only possible when there is unity with such a source (Radha/Rukmini) in the multiplicity of gopis/wives, when His love is always pure and perfect, so that this idea of inequality disappears from the self-realized consciousness.
 

3. It is even pointed out sometimes that Shri Lakshmi did not get entry into Rasa Dance even though she is performing tough penances for it, does this have a scriptural basis? If yes how shall we understand this, does it not show unequal love on the part of the Lord for His consorts?

This is another misconception that shouldn't occupy your mind, because we know that Lakshmi, Radha, Rukmini, Sita, Parvati, Sarasvati are all just moods of the same Person. Lakshmi does penance so that, in Radha's consciousness (which is Her own, Adi Shakti's), She can experience the purity and perfection of the rasa dance together with Her eternal and beloved visaya (Shri Hari). This does not reveal unequal love on the part of the Lord for His consorts, for Radha and Lakshmi are the same Person in different moods and garments. To be in one or the other, She only needs to tune into the thought/feeling and body/clothing/ornament waves of the one She wants to be in, just like when we tune into the waves of a particular radio. Lakshmi's penance is part of the eternal lila, a vrata and a request from Her (to Vishnu), which culminates in the rasa dance, in Radha's consciousness with Krishna.

 


Figure 2 - Mirabai (by Vishal Kumar).

sábado, 7 de dezembro de 2024

Outras Lilas Amorosas: Andal na Consciência de Bhu Devi

Figura 1 - Templo da Shri Sampradaya, Vrindavana, Uttar Pradesh
 

Sumário do Livro Madhurya, a Rasa da Doçura


Além dos passatempos que se tornaram conhecidos através do aparecimento direto de Shri Krishna no planeta, existem alguns eventos raros de experiências conjugais com o Senhor enquanto Ele não está aqui diretamente. Um desses eventos é o aparecimento de Shri Andal, que é reconhecida como consorte de Shri Hari, mais especificamente na conformação de Bhu Devi.

Ela era a filha adotiva de Periyaalvaar, um devoto brahmana e um dos alwar (poetas e santos imersos em Deus) da Shri Sampradaya, que a encontrou no jardim do templo Vadapathrasayee, em Srivilliputtur, Tamil Nadu, Índia. Foi-lhe dado o nome de Godha e foi criada ouvindo as lilas de Krishna.

A sua identidade divina veio a ser reconhecida quando Periyaalvaar descobriu que Andal experimentava as guirlandas antes de as oferecer à Divindade e, ao proibi-la de continuar a fabricá-las, Periyaalvaar foi avisado pela divindade Vadapatrasayee para Lhe oferecer apenas as guirlandas de flores usadas antes por Godha.

O nome de Andal “aquela que controla” surgiu deste passatempo e, a partir desse passatempo, Shri Andal decidiu que casaria apenas com Krishna. Com isto em mente, seguiu as Gopis e manteve-se em jejum no mês de Margashirsha, durante 30 dias; e compôs um verso por dia do que é coletivamente conhecido como Tiruppaavai.

Na última noite após ter completado o processo, Periyaalvaar teve um sonho em que Shri Ranganatha lhe pedia para levar Andal vestida de noiva para Srirangam. Ao entrar no altar do Templo, Andal, maravilhada, tocou nos pés da divindade e desapareceu. 

Shri Andal é uma encarnação parcial (amshavataaram) de Shri Devi (Mahalakshmi/Radha/Rukmini/Sita). Esta vinda de Shri Devi em forma humana (como Bhu devi ou Andal) mostra que a jiva (alma), ao nascer num corpo humano, deve ter como objetivo a realização de Paramaatma. Para isso, a pessoa tem que dedicar pensamentos, palavras e atos ao Senhor, através dos quais alcança uma relação íntima transcendental com Deus (rasa), que, quando conscientemente experimentada através do acesso ao Siddha deha, revela a Consciência Absoluta para a pessoa humana.

Andal, nos seus poemas (Tiruppaavai e Naacchiyaar Tirumozhi), mostra um estado de parama ou para bhakti que provoca um desejo intenso de estar sempre com o Senhor. Aqueles que experimentam este desejo perdem o interesse pela vida exterior, se não houver alguma forma de unidade com Ele no que se faz externamente.

Pode-se ver que Shri é Lakshmi, Radha, Rukmini, Sita, ou seja, a principal expressão da essência da consorte de Krishna. Bhu é uma projeção de Shri para fins específicos, tal como Bhumi Devi, Satyabhama, Padmavathi e Andal. Estas expressões da mesma consciência, Shri Radhe, no estado de atração conjugal por Krishna, podem ser vistas como diferentes formas de ser. O mais extenso destes níveis é Radha (Shri Devi/Mahalakshmi/Rukmini/Sita), que contém outros dois níveis (Bhu Devi e Nila Devi). Bhu Devi contém expressões de Nila Devi em si mesma, mas não as manifestações de Shri Devi, que, no entanto, a contém. Nila (ou Nappinnai) é uma identidade (um arquétipo) multiplicada para desenhar o lila do Senhor, aparecendo em formas adicionais como expansões de Shri - como numerosas gopis e esposas de Shri Krishna. 

Nila Devi é um arquétipo para numerosas encarnações que existem como partes ou expansões de Shri Devi. Há interações entre elas e formam um todo completo, que tem um significado superior. As teias amorosas e as ondas de propagação de Madhurya, que contêm lilas de Shri Krishna, incluem as gopis, as rainhas e as outras manifestações do ternário (Shri, Bhu, Nila), que é a consciência de Radha.

Perguntas/Respostas
Diálogo Entre V d e Guru Ma Shri


1. Quando os três níveis de expressões de Shri Radhe (Shri, Bhu e Nila) são mencionados, dá-se a impressão de hierarquia, na qual elas compartilham o amor com o Senhor. Apesar da unidade que se diz haver para aqueles que alcançam o mundo transcendental amoroso do Senhor, será que o Senhor compartilha realmente mais ou menos amor com um ou mais de Seus associados pessoais nesse mundo transcendental amoroso?

Não se trata de uma hierarquia exatamente, mas de uma gradação de abrangência da consciência na Deusa Suprema. Shri é Mahalakshmi, em unidade com Durga e Sarasvati, na Tridevi. Ela é a própria Deusa Suprema, sendo Radha, Rukmini e Sita humores dEla mesma. Mas Bhu é uma avatara parcial de Shri, portanto não tem a mesma abrangência de consciência no todo da criação-sustentação-destruição que Shri Devi tem. Nila é ainda mais parcial do que Bhu. Sendo assim, a unidade para Bhu e Nila com Radha acontece em episódios, enquanto para Lakshmi (Shri Devi) é eterna, por se tratar da mesma Deusa Suprema. No mundo transcendental todas as consortes estão satisfeitas com sua maneira de ser e de reciprocar amor com o Senhor, exatamente por causa de tais episódios de vivência da unidade com Shri Devi. Ao mesmo tempo, há sim experiências de ciúmes, de sentimentos de separação e de lamentação, em qualquer uma das formas das consortes de Krishna, o que se pode perceber nas lilas. As experiências são extáticas, no entanto. Sendo plenas de sat-cit-ananda, não causam o mesmo tipo de sofrimento da linearidade.

2. Que expressão exatamente não está presente na manifestação de Bhu Devi e só está presente em Shri Devi e o que é que não está presente em Nila Devi (que é o arquétipo das outras consortes do Senhor) que está presente em Bhu Devi e Shri Devi?

Bhu Devi é uma manifestação parcial de Shri Devi, sendo a Divindade que preside a Terra. Shri Devi por sua vez é a própria Prakriti, a Natureza, a Adi-Shakti. Ela é Durga, enquanto Bhu Devi é Ganga. Ela é Sarasvati, enquanto Bhu Devi é Gayatri. Shri Devi é a consciência mais plena da Deusa, por isso ela contém em si Bhu Devi e Nila Devi, como em um holograma. Nila Devi é o conjunto da consciência das gopis e das esposas de Krishna, que não sejam as próprias Radha/Rukmini – Candravali/Satyabhama. Shri Devi as contém em si, não podendo ser contida pelas demais, assim como Krishna contém em si seus avataras parciais, não sendo contido por eles.

3. Nos poemas de Shri Andal e Mira Bai, parece que elas só mostravam principalmente uma devoção pontual ao Senhor. Não mostraram elas devoção para com Shri Devi (Lakshmi/Radha/Rukmini/Sita) com a mesma intensidade com que o faziam para com o Senhor?

Andal em suas poesias se referiu a Shri Devi, sendo sim devota ardente dEla. A Shri Sampradaya tem ambas – Shri e Bhu Devi - em suas adorações e altares. Sendo Andal filha adotiva de um dos Alvars da Sampradaya, não deixou de se devotar à Shri Devi (Mahalakshmi) em nenhum momento. No entanto madhurya bhava sempre denota tal atração conjugal pelo vishaya, por Krishna. Isso é natural que aconteça, o que difere de sakhya e manjari bhava. Mira Bai se identificava com Radha, por causa dos seus momentos episódicos de unidade com Ela (nEla). Ao mesmo tempo, Ela demonstrava, em muitas de suas canções, sentimentos de separação e de sofrência por desejá-Lo em gopi bhava, ou seja, como parte da consciência de Nila Devi.

Other Loving Lilas: Andal in Bhu Devi's Consciousness

 

Figure 1 - Guru Ma Shri (Shri Krishna Madhurya) in a Shri Sampradaya Temple, Vrindavan - UP

 

Summary from the Book Madhurya, the Rasa of Sweetness

Besides pastimes that became known through the direct appearance of Shri Krishna on the planet, there are some rare events of conjugal experiences with the Lord while He is not here directly. One such event is the appearance of Shri Andal who is recognized as consort of Shri Hari, more specifically in the conformation of Bhu Devi.

She was the foster daughter of Periyaalvaar, a brahmana devotee and one of Shri Sampradaya's alwar (poets and saints immersed in God) who found her in the garden of Vadapathrasayee temple in Srivilliputtur, Tamil Nadu, India. She was named Godha and was raised listening to Krishna's lilas. Her divine identity came to be recognized when Periyaalvaar discovered that Andal tried the garlands before offering to the Deity and, upon forbidding her to continue manufacturing them, Periyaalvaar was warned by Vadapatrasayee deity to offer Him only flower's garlands worn before by Godha. 

Andal's name "the one which controls" arose from this pastime and from such pastime Shri Andal decided that she would marry only Krishna. With this in mind she followed the Gopis and kept fast on month of Margashirsha for 30 days and composed one verse each day of what is collectively known as Tiruppaavai.

In the last night after she had completed the process, Periyaalvaar had a dream in which Shri Ranganatha asked him to take Andal dressed as a bride to Srirangam. When entering the altar of the Temple, Andal astonished touched the feet of the deity and disappeared.

Shri Andal is a partial incarnation (amshavataaram) of Shri Devi (Mahalakshmi/Radha/Rukmini/Sita). This coming of Shri Devi in human form (as Bhu devi or Andal) shows that jiva (soul), when being born in a human body, should aim at the realization of Paramaatma. To do that, the person has to devote thoughts, words and deeds to the Lord, through which, one achieves transcendental intimate relationship with God (rasa), what while consciously experienced through access of Siddha deha reveals Absolute Consciousness to the human person.

Andal in her poems (Tiruppaavai and Naacchiyaar Tirumozhi) shows a state of parama or para bhakti that causes intense desire for always being with the Lord. Those who experience this desire lose interest in external life if there is not some form of unity with Him.

It can be seen that Shri is Lakshmi, Radha, Rukmini, Sita i.e the main expression of the essence of Krishna's consort. Bhu is a projection of Shri for specific purposes, such as Bhumi Devi, Satyabhama, Padmavathi and Andal. 

Such expressions of the same consciousness, Shri Radhe in the mood of conjugal attraction to Krishna, can be seen as different ways of being. The most extensive of these levels is Radha (Shri Devi/Mahalakshmi/Rukmini/Sita) which contains other two levels (Bhu Devi and Nila Devi). Bhu Devi contains expressions of Nila Devi in herself, but not the manifestations of Shri Devi, which, however, contains her. Nila (or Nappinnai) is an identity (an archetype) multiplied in order to draw the Lord's lila appearing in additional forms as expansions of Shri - as numerous gopis and wives of Shri Krishna. 

Nila Devi is an archetype for numerous incarnations which exist as parts or expansions of Shri Devi. There are interactions between them, and they form a complete Whole, which has a Higher Meaning. Loving webs and Madhurya's waves of propagation that contain lilas of Shri Krishna include the gopis, the queens and the other manifestations of the ternary (Shri, Bhu, Nila) which is the consciousness of Radha.

Questions/Answers
Dialogue Between V d and Guru Ma Shri


1. When the three levels of expressions of Shri Radhe (Shri, Bhu and Nila) are mentioned, it gives the impression of hierarchy, in which they share love with the Lord. Despite oneness which is said to be for those who reach the transcendental loving world of the Lord, does the Lord really share more or less love with one or more of His personal associates in that loving transcendental world?

It's not exactly a hierarchy, but a gradient of the span of consciousness in the Supreme Goddess. Shri is Mahalakshmi, in unity with Durga and Sarasvati, in the Tridevi. She is the Supreme Goddess herself, Radha, Rukmini and Sita being humors of Her own. But Bhu is a partial avatar of Shri, so she doesn't have the same span of consciousness in the whole of creation-sustenance-destruction that Shri Devi has. Nila is even more partial than Bhu. Therefore, for Bhu and Nila, unity with Radha happens in episodes, while for Lakshmi (Shri Devi) it is eternal, because they are the same Supreme Goddess. In the transcendental world, all consorts are satisfied with their way of being and reciprocating love with the Lord, precisely because of these episodes of experiencing unity with Shri Devi. At the same time, there are experiences of jealousy, feelings of separation and lamentation in any of Krishna's consort forms, which can be seen in the lilas. The experiences are ecstatic, however. Being full of sat-cit-ananda, they don't cause the same kind of suffering as linearity.

2. What expression exactly is not present in manifestation of Bhu Devi and is only present in Shri Devi and what is it that is not present in Nila Devi (who is archetype for other consorts of Lord) that is present in Bhu Devi and Shri Devi?

Bhu Devi is a partial manifestation of Shri Devi, being the Divinity that presides over the Earth. Shri Devi in turn is Prakriti Herself, Nature, Adi-Shakti. She is Durga, while Bhu Devi is Ganga. She is Sarasvati, while Bhu Devi is Gayatri. Shri Devi is the fullest consciousness of the Goddess, so She contains in Herself Bhu Devi and Nila Devi, as in a hologram. Nila Devi is the whole consciousness of the gopis and Krishna's wives, other than Radha/Rukmini Herself (Shri) - Candravali/Satyabhama (Bhu). Shri Devi contains them in Herself and cannot be contained by the others, just as Krishna contains His partial avatars in Himself and is not contained by them.

3. In poems of Shri Andal and Mira Bai, it seems they only primarily showed one pointed devotion to the Lord. Did they not show devotion towards Shri Devi (Lakshmi/Radha/Rukmini/Sita) with the same intensity as they did for the Lord?

In her poems, Andal referred to Shri Devi as she was an ardent devotee of Hers. The Shri Sampradaya has both - Shri and Bhu Devi - in its worship and altars. Since Andal was the adopted daughter of one of the Sampradaya's Alvars, she never stopped devoting herself to Shri Devi (Mahalakshmi). However, madhurya bhava always denotes such conjugal attraction for the vishaya, for Krishna. This is natural, which differs from sakhya and manjari bhava. Mira Bai identified herself with Radha because of her episodic moments of unity with Her (within Her). At the same time, in many of her songs, she showed feelings of separation and suffering because she desired Him in gopi bhava, i.e. as part of Nila Devi's consciousness.

 

                                  Figure 2 - Shri Sampradaya's Temple, Vrindavan, Uttar Pradesh

sábado, 23 de novembro de 2024

Relatos de Manjari Bhava da Brahma-Madhava-Gaudiya-Sampradaya II


 
Figure 1 - Shri Krishna Caitanya na frente de um Templo da Gaudiya Math, Vrindavana.

 

Sumário do Livro Madhurya, a Rasa da Doçura


Neste capítulo, prema, conforme demonstrado pelos relatos das manjaris, é apresentado aqui, portanto, as esposas não serão mais mencionadas, mas o que está sendo proposto sobre Shri Radhe é estendido ao Seu outro humor completo (Shri Rukmini).

O estado elevado das gopis é óbvio. Shri Radha e Suas amigas gopis se articulam em torno de Madhava em diferentes períodos do dia com sentimentos de amor e rendição. Para saborear esse néctar, a alma que está associada a Krishna abre mão de muitas convenções. As gopis fazem isso e se entregam ao desejo de trocar continuamente relacionamentos com Hari.

Às vezes, há uma impaciência para obter o Senhor, e insaciável é o apetite que prema aguça. Isso queima o devoto como o sol e, ao mesmo tempo, o alivia devido aos vislumbres da forma, das qualidades e da doçura do Senhor. Entretanto, isso não é uniforme, pois se estabelece gradualmente. Sthayibhava (ou sentimentos espirituais permanentes) é subdividido em sentimentos iniciais (premankusa rupa) e sentimentos mais avançados (prema rupa). Quando os sentimentos mais avançados esclarecem a percepção, os sentimentos das fases anteriores deixam de ser desejáveis. 

O estado maduro de bhava é chamado de prema.

Bhava não diminui, mas sua intensificação é o sintoma de prema, o estado maduro de afeição. A potência de prazer de Krishna, que é a consciência de Shri Radha, atinge estágios sucessivamente mais elevados de sentimentos de amor pelo Senhor. Cada estado mais elevado contém em si condições anteriores.

Sendo Radhika a potência de prazer de Shri Krishna, ela vive prema rupa espontaneamente e sem ser afetada. O que é muito específico de sua condição é a experiência de mamta (posse) de Shri Krishna em relação a Ela, já que Ela está em Maha-mahabhava. Isso é considerado como sentimentos mútuos de absoluta entrega à interação e ao relacionamento como um todo formado entre Radhe Shyam. Esse tipo de senso de propriedade que é mútuo só pode ser experimentado pela Shakti do próprio Senhor.

Nos comentários de Sri Sri Radha Rasa Sudhanidhi, de Srila Prabodhananda Saraswati, afirma-se que Krishna se sente grandemente abençoado quando é tocado até mesmo pela mais leve brisa agradável que vem da ponta da roupa de Shri Radhika. Radharani é o único oceano de Madana mahabhava e a fonte principal de mahabhava. O comentarista ressalta que qualquer pessoa que abandone o serviço a Shri Radhe, desejando a companhia pessoal de Govinda, é como alguém que quer desfrutar de uma lua cheia sem uma noite de lua cheia.

Os associados de Radharani estão diretamente sob a influência de sentimentos recíprocos da Fonte de Madhurya Rasa. Essa Fonte é a intenção de desfrutar o amor mais puro que se manifesta no Adi Purusha. A avidez do Senhor por experimentar tal prazer causa o prazer que Seu poder manifesta. O prazer é então sentido por faíscas desse Fogo do Amor (ou Oceano de Néctar) que aparecem como infinitas gopis e manjaris (gotas do oceano).

Dentro dessa realidade transcendental, Radharani é, entretanto, a única a conhecer o sentimento mais pleno que é sentido pelo foco da mamta do Senhor. Mas isso está sendo dito sobre o universo das Gopis de Vraja porque Shri Radha não é diferente de Shri Rukmini. O estado de amor eternamente elevado de Radharani é frequentemente lembrado em muitos relatos dados a partir das percepções de manjari bhava.

Esse estado de amor aparece em todos os diálogos dela com as outras gopis, por exemplo, o diálogo dela com Shri Lalita, que aparece no Vidagdha Madhava de Shri Rupa Goswami. Shri Radha mostra a inquietação típica da alma que está emaranhada nas teias amorosas de Shri Krishna e das quais não quer mais sair. Entretanto, essas teias pertencem a Ela, sendo Radhika a consciência que as produz, em interação amorosa com Keshava.

Suas companheiras íntimas (outras Gopis e Manjaris) estão inseridas em tais teias de interações com o Casal Divino. Elas são absorvidas pelo amor que se espalha por essas mesmas teias. O foco central do Madhurya Rasa Leela é Radheshyam, que mantém a unidade entre outras contrapartes associadas a esse foco. Essas ondas também se propagam por meio da consciência divina do Casal Divino que está em Rukmini Krishna; a unidade que existe entre as consortes que estão em Svakiya Madhurya Bhava é criada por Eles.

As teias de Madhurya Bhava se expressam na Terra mesmo em momentos diferentes, quando Shri Krishna não está presente diretamente no planeta, o que é o assunto da próxima seção deste livro.


Perguntas/Respostas

Diálogo Entre V d e Guru Ma Shri


1. Uma vez que a experiência de mamta de Shri Krishna, o senso de propriedade mútua e Madana Mahabhava são específicos da Shakti do Senhor - Shri Radharani-, isso implica que as outras gopis não experimentam isso? Será que as outras gopis podem experimentar plenamente o amor intenso que Shri Radha experimenta?

As outras gopis só experimentam mamta quando vivenciam a unidade com Radha em Radhe Shyam. Esse é amor mais intenso que existe, o qual é reciprocado pelo Casal Divino. As gopis que são expansões de Shri Radhe mais diretas têm a experiência de tal profunda relação com Ele, nos seus momentos de união perfeita e pura com Radhika.

2. Como entender a afirmação “Qualquer um que abandone o serviço a Shri Radhe, desejando a companhia pessoal de Govinda, é como alguém que quer desfrutar de uma lua cheia sem uma noite de lua cheia”.  O envolvimento com o Senhor em emoção conjugal direta sem ter Manjari ou Sakhya bhava está sendo apontado aqui?

Sendo Radha Krishna duas pessoas em Uma, como desfrutar dEle (a lua cheia) sem estar em uma noite de lua cheia (nEla)? Não existe possibilidade de separar Radha de Krishna em se tratando do amor conjugal profundo. Para viver esse amor, é preciso vivenciar o sentimento que preenche o coração de Radha. Para desfrutar, portanto, da lua cheia é preciso estar em uma noite de lua cheia. Para os devotos da Brahma Madhva Gaudiya Sampradaya, no entanto, qualquer alma que vivencie Madhurya Rasa Lila tem que obrigatoriamente estar em manjari ou sakhya bhava. Minha interpretação é diferente, pois vivencio Madhurya Rasa Lila a partir da unidade com Radha em Radhe Shyam. Para mim, esses dizeres deixam claro que não dá para experimentar do amor conjugal com Krishna sem que se esteja em união perfeita e pura com Radharani.

3. Qual é o bhava das amigas íntimas de Shri Radha, Suas Ashtasakhis, como Shri Lalita? Elas desejam um relacionamento conjugal direto com Krishna ou desejam apenas encontros de Shri Radha com Krishna? Existem outras Gopis, além das manjaris, que não têm um relacionamento conjugal direto com Krishna?

As Ashtasakhis estão em unidade tão perfeita com Radha que as duas coisas são a mesma coisa, ou seja, desejar encontros de Shri Radha com Krishna significa desejar um relacionamento conjugal direto com Ele. Mas existem sim Gopis, além das manjaris, que não têm relacionamento conjugal direto com Madhava.

4. Entre o Mantra e o Nome do Senhor, o que é mais útil para obter acesso ao nosso Bhava? É o Mantra? É o Nome?  Ou é aquele para o qual nos sentimos mais inclinados? O que devemos entoar mais? Para ter acesso ao nosso Bhava e estar entre os associados mais próximos do Senhor, é necessário um Mantra específico relacionado a esse Bhava? O Nome do Senhor entoado com devoção pode dar acesso ao nosso Bhava e, se o Nome é suficiente, por que precisamos do Mantra?

Isso depende da linha que você segue e de como seu Guru (Ma) lhe instrui. Se a instrução for de cantar mantras, então precisa cantar mantras. Se for o nome, recitar o nome. No meu caso, oriento a cantar três mantras diferentes, em diferentes horários do dia. Mas se o devoto desejar, além disso, cantar os nomes também pode, pois só irá reforçar sua devoção pelo Senhor, satisfazendo-o. O mantra específico de acesso ao bhava só forneço com a terceira iniciação, de renúncia e sannyas. No entanto, não considero que só o mantra ou só o nome sejam suficientes para levar alguém ao contato direto e puro com Deus. Em Kali Yuga, a contaminação da consciência está muito intensa, sendo preciso depuração forte e contínua dos anarthas, para que alguém se liberte das imperfeições que o(a) distanciam da lila transcendental.

5. Radha Krishna são chamas gêmeas uma da outra, mas o que dizer de outras consortes do Senhor que não são Shri Radha/Rukmini/Sita/Lakshmi? Não somos iguais a Ele de forma alguma e, como amamos Krishna em madhurya bhava, será doloroso ter outra pessoa como nossa chama gêmea, pois desejamos pertencer somente a Krishna. Quem é então a chama gêmea das outras consortes do Senhor?

As outras consortes em sua perfeita união com Radhe Shyam vivenciam a unidade de si mesmas com a Chama Gêmea original, portanto, mesmo seus pares espirituais existem também em unidade com o Divino Casal. Tudo se torna Um e todos se sentem iguais a Ele, vivenciando o sat-cit-ananda da perfeita união em Deus, em Radhe Shyam. O desejo de pertencer somente a Krishna se pronuncia para todos os que o alcançam, pois Ele é o Princípio e o Fim de tudo o que existe. Quando o alcançamos, a impressão de dualidade desaparece e somos eternamente conscientes da multiplicidade das chamas gêmeas como uma coisa só, sendo Unas na Chama Gêmea original.


Figure 2 - Shyama Kunda, lugar de Madhurya Rasa Lila.

Manjari Bhava reports of Brahma-Madhava-Gaudiya-Sampradaya Part II

 

Figure 1 - A Gaudiya Temple in Vrindavan.

Summary From the Book Madhurya, the Rasa of Sweetness


In this chapter, prema as shown by Manjari bhava reports is presented here, so wives will not be mentioned anymore but what is being proposed about Shri Radhe is extended to Her other complete mood (Shri Rukmini).

The exalted state of gopis is obvious. Shri Radha and Her gopi friends articulate around Madhava over different periods of the day with feelings of love and surrender. In order to taste this nectar, the soul that is associated with Krishna gives up many conventions. The gopis do that and surrender themselves to the desire to continuously exchange relationships with Hari.

Sometimes there is an impatience for obtaining the Lord, and insatiable is the appetite that prema sharpens. This burns the devotee like the sun and at the same time relieves him/her because of glimpses of form, qualities and sweetness of the Lord. However, this is not uniform as it gradually establishes itself. Sthayibhava (or permanent spiritual feelings) is subdivided in initial feelings (premankusa rupa) and more advanced feelings (prema rupa). When more advanced feelings clarify the perception, the feelings of previous phases become no longer desirable.

The mature state of bhava is called prema.

Bhava does not diminish, but its intensification is the symptom of prema, the mature state of affection. The pleasure potency of Krishna, who is the conscience of Shri Radha, reaches successively higher stages of love feelings for the Lord. Each higher state contains within itself previous conditions. 

Being Radhika Shri Krishna’s pleasure potency, She lives prema rupa spontaneously and unaffected. What is very specific to Her condition is experience of mamta (possession) from Shri Krishna in relation to Her as She is in Maha-mahabhava. It is considered as mutual feelings of absolute self-surrender to the interaction and relationship as a whole formed between Radhe Shyam. This kind of sense of ownership that is mutual can only be experienced by the Shakti of Lord Herself.

In comments to Sri Sri Radha Rasa Sudhanidhi of Srila Prabodhananda Saraswati it is stated that Krishna feels Himself greatly blessed when He is touched by even the slightest playful Breeze coming from the tip of Shri Radhika's garment. Radharani is the only ocean of Madana mahabhava and the fountain head of mahabhava. The commentator points out that anyone who gives up the service of Shri Radhe, desiring Govinda's personal company is like someone who wants to enjoy a full moon without a full moon night.

The associates of Radharani are directly under the influence of reciprocal feelings of the Source of Madhurya Rasa. This Source is the intention to enjoy the purest love that makes itself in the Adi Purusha. The avidity of the Lord for trying such enjoyment causes the pleasure that His power manifests. The pleasure is then felt by sparks of this Fire of Love (or Ocean of Nectar) which appear as endless gopis and manjaris (Ocean drops). 

Within this transcendental reality, Radharani is however the only one to know the fuller feeling that is felt by the focus of the Lord's mamta. But this is being said about the universe of Vraja Gopis because Shri Radha is not different from Shri Rukmini. Radharani's forever exalted state of love is often remembered in many reports given from manjari bhava perceptions.

This state of love appears in all of her dialogues with the other gopis for e.g Her dialogue with Shri Lalita that appears in Vidagdha Madhava of Shri Rupa Goswami. Shri Radha shows typical restlessness of the soul that is tangled in Shri Krishna's amorous webs and from which one does not want to leave anymore. However, these webs belong to Her, being Radhika the consciousness that produces it, in loving interaction with Keshava.

Her intimate associates (other Gopis and Manjaris) are inserted in such webs of interactions with the Divine Couple. They are absorbed in the love that spreads through the same webs. The central focus of Madhurya Rasa Leela is Radheshyam, they maintain the unity between other counterparts that are associated with this focus. These waves also propagate through divine consciousness of Divine Couple that is in Rukmini Krishna, the unity that exists among the consorts that are in Svakiya Madhurya Bhava is created by Them.

The webs of Madhurya Bhava express themselves on Earth even at different times when Shri Krishna is not present directly on the planet which is the subject of the next section of this book.

Questions/Answers
Dialogue Between V d and Guru Ma Shri


1. Since the experience of mamta from Shri Krishna, the sense of mutual ownership and Madana Mahabhava is specific to Shakti of Lord - Shri Radharani -, so does this imply that other Gopis do not experience these? Can other gopis ever fully experience the intense love that Shri Radha experiences.

The other gopis only experience mamta when they experience unity with Radha in Radhe Shyam. This is the most intense love there is, which is reciprocated by the Divine Couple. The gopis who are more direct expansions of Shri Radhe experience such a deep relationship with Him in their moments of perfect and pure union with Radhika.

2. How to understand the statement "Anyone who gives up the service of Shri Radhe, desiring Govinda's personal company is like someone who wants to enjoy a full moon without a full moon night".  Is engaging with the Lord in direct conjugal emotion without having Manjari or Sakhi bhava being pointed out here?

Since Radha Krishna is two persons in One, how can you enjoy Him (the full moon) without being on a full moon night (in Her)? There is no possibility of separating Radha from Krishna when it comes to deep conjugal love. To experience this love, you have to experience the feeling that fills Radha's heart. To enjoy the full moon, therefore, you have to be on a full moon night. For devotees of the Brahma Madhva Gaudiya Sampradaya, however, any soul experiencing Madhurya Rasa Lila must necessarily be in manjari or sakhya bhava. My interpretation is different, because I experience Madhurya Rasa Lila from unity with Radha in Radhe Shyam. For me, these sayings make it clear that one cannot experience conjugal love with Krishna without being in perfect and pure union with Radharani.

3. What is the bhava of Shri Radha's intimate friends, Her Ashtasakhis like Shri Lalita? Do they desire direct conjugal relationships with Krishna or desire only Shri Radha meetings with Krishna? Are there Gopis other than manjaris who do not have a direct conjugal relationship with Krishna?

The Ashtasakhis are in such perfect unity with Radha that the two things are one and the same, i.e. desiring Shri Radha's meetings with Krishna means desiring a direct conjugal relationship with Him. But there are Gopis, apart from the Manjaris, who don't have a direct conjugal relationship with Madhava.

4. Between Mantra and Name of the Lord what is more helpful in getting access to our Bhava. Is it Mantra? Is it Name?  Or is it the one we feel more inclined to? What shall we chant more? To get access to our Bhava and be among one of the Lord close associates is particular Mantra related to that Bhava necessary? Can Name of the Lord chanted with devotion give access to our Bhava and if Name is enough then why need Mantra?

This depends on the path you follow and how your Guru (Ma) instructs you. If the instruction is to chant mantras, then you need to chant mantras. If it's the name, recite the name. In my case, I recommend chanting three different mantras at different times of the day. But if the devotee wishes to chant the names in addition, he or she can also do so, as it will strengthen his or her devotion to the Lord and satisfy Him. The specific mantra for accessing bhava is only given with the third initiation, of renunciation and sannyas. However, I don't think that the mantra or the name alone are enough to bring someone into direct and pure contact with God. In Kali Yuga, the contamination of the consciousness is very intense and a strong and continuous purification of the anarthas is necessary in order to free oneself from the imperfections that distance him/her from the transcendental lila.

5. Radha Krishna are each other's twin flames but then what about other consorts of the Lord who are not Shri Radha/Rukmini/Sita/Lakshmi. We are not equal to Him at all, and since we love Krishna in madhurya bhava it will be painful to have someone else as our twin flame since we wish to belong only to Krishna. Who is then the twin flame of other consorts of the Lord?

The other consorts in their perfect union with Radhe Shyam experience the unity of themselves with the original Twin Flame, so even their spiritual mates also exist in unity with the Divine Couple. Everything becomes One and everyone feels equal to Him, experiencing the sat-cit-ananda of perfect union in God, in Radhe Shyam. The desire to belong to Krishna alone is pronounced for all those who reach Him, because He is the Beginning and the End of all that exists. When we reach Him, the impression of duality disappears and we are eternally aware of the multiplicity of twin flames as one thing, being One in the original Twin Flame.

Figure 2 - Radha Kunda, place of Madhurya Rasa Lila.

Apresentação Geral

Madhurya é a vida se expressando como fluência amorosa, doce e linda. ...