sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Apresentação Geral





Madhurya é a vida se expressando como fluência amorosa, doce e linda. Ela é como a beleza da flor que exala a fragrância perfeita; e a paisagem mais bela que se possa conceber.


Trata-se de um jeito de estar em todos os mundos em que Krishna esteja ao mesmo tempo, pois transcende as fronteiras deles.

Desde que haja Krishna, então há tudo o que é preciso para existir tal bhava. Ele é o eixo da existência e o centro das atenções na doçura do amor. É o amado eterno e Senhor de tudo o que se possa pensar, sentir e ver.

Madhurya faz o mundo girar em torno dEle, sendo Ele a Fonte e também o Fim do que se quer para sempre ser.

Quem descobre-se amando à Pessoa de Deus assim, já não poderá mais conter o sentimento que exaure todos os sentidos, quando eles só pretendem servir ao Amor que por Madhava se sente.


Que amor é este, então?

Um amor assim tão grande, que nada pode vencer, é a verdadeira experiência de vida. Ele é puro, isento de máculas. Perfeito e intenso, este amor é a vitória maior a se conquistar.

Quem o desconhece não tem como atinar para o seu significado. Mas, ao vivenciá-lo, nada mais há que se desejar, exceto a Krishna se entregar.

Este amor está nas escrituras mais sagradas, as quais descrevem o que as gopis sentem pelo seu Amado. É este sentimento que as esposas de Shri Hari expressam, quando absortas nEle

"permaneciam sem fala alguns instantes”, para então, repentinamente “irromperem em palavras incoerentes de modo semelhante a lunáticas. Na intensidade do seu amor, elas (de tempos em tempos, experimentavam dor excruciante de separação do seu Senhor, mesmo na Sua presença e) paravam com suas falas delirantes (Srimad-Bhagavatam 10.90.14)”.

Só quem experimenta de madhurya-rasa sabe exatamente do que se trata tal excruciante dor que as esposas sentem ao pensarem em se separar de Krishna.

Afinal, o amor conjugal pelo Senhor da vida (Deus) transcende qualquer limite. Logo, não existem limitações ao desejo de se querer estar ao lado dEle; o que acontece por ser a Pessoa Suprema que pensa estar relacionando-se com quem percebe-se relacionar-se desta maneira com Ele.

Krishna não pode ser circunscrito por nenhum tipo de fronteira, mesmo que seja do pensamento. Sendo a Absoluta Personalidade, Ele é o infinito e Suas relações transbordam perfeição e beleza.

Quem tem este tipo de experiência, no bhava de Madhurya, vive em uma condição que é também infinita. Sendo tal vivência tão perfeita, pura, doce, delicada e intensa, a contraparte de Shri Hari se deixa levar por este imenso “buraco negro” que Ele é (do qual é impossível escapar).



Os textos e poesias deste blog foram redigidos por Shri Krishna Madhurya, como expressão do seu amor conjugal por Krishna. Conheça também https://shankarayanamah.blogspot.com/ e https://jardinsdekrishna.com.  

Minha Experiência Pessoal em Madhurya

 

Figura 1 - Templo de Shri Radha Gopinatha, Vrindavana.
 

Sumário do Livro Madhurya, a Rasa da Doçura

 
A experiência que tenho é bem diferente das expressões indianas madhura-rasa de Shri Krishna, porque no Brasil há muitas pessoas que não sabem quem é Krishna, com raras exceções. Mas, de fato, o próprio Senhor explica em Rasa-tattva (2014): “Não há como corromper o que Eu contenho, porque isso está dentro de Mim e pertence a Mim. Eu mantenho-o existente enquanto pretendo expressá-lo como algo que se faz conter por ser o Meu próprio Ser sustentado”.   

Enquanto me contém, Ele faz-me permanecer absorta em prema-bhakti, enquanto O sirvo. Estou absorta em lila transcendental e isso parece um evento passado que se faz presente, para acontecer novamente no futuro. Mas creio que não me faço entender, cabe-me, no entanto, começar a definir o que Krishna quer expressar através deste texto e de outros que serão expostos mais adiante.

Quando Ele veio fazer-me vê-Lo, eu estava a começar a despertar para a Verdadeira Identidade, que a alma tem necessidade de reconhecer. Tive que parar o que estava fazendo nessa experiência linear, onde eu me ocupava com uma carreira acadêmica materialista que nunca poderia me satisfazer (Ecologia) durante anos (1986-2004).

Assim, a necessidade de recuperar essa relação eterna permaneceu velada, enquanto Keshava desejou, fazendo-me experimentar uma das suas comunidades de devotos e em algum tempo da associação com pessoas que procuram visões de mundos sutis e outros poderes místicos. Agora, vivo a minha experiência em diferentes madhurya bhavas - swakiya (esposa) e parakiya (amante) -, pois o Senhor explica no Rasa Tattva que somos as mesmas pessoas, profundamente convencidas de nos doarmos reciprocamente por meio de diferentes formas de brincar.

Ser esposa ou amante, qualquer uma das duas experiências é possível à consciência para a qual Shri Krishna pretende manifestar-se como pati e upapati, em troca de sentimentos conjugais. Ele me dá incursões a um ou outro de seus universos intercalados, para que eu possa analisar com mais consistência o que significa estar de um lado e de outro de tal condição.

Há uma forte intenção de me unir ao meu Senhor de uma forma mais profunda. A união que, por vezes, parece que quero viver, levar-me-ia à Fonte que me contém. Mas, de forma alguma, quero privar-me da oportunidade de me relacionar com Ele. Além disso, no aprofundamento desta relação, não vejo diferença entre aqui e ali e o meu mundo torna-se completamente transcendental.

O amor que reciprocamos em doçura, através do qual Shyam se torna tão claro para a minha percepção, é único. Nem sequer sou capaz de descrever este sentimento com palavras escritas, como estou tentando fazer.

Estando num país diferente daquele onde o mundo de Shri Hari sempre se manifesta (Índia), preciso esclarecer que não se deve acreditar que a presença do Senhor está confinada a fronteiras particulares. Shri Krishna está em todo o lugar; as fronteiras físicas não delimitam a Ele e aos Seus associados.

O Senhor e a alma não têm nacionalidade, não importa se o corpo é branco ou escuro, masculino ou feminino. Quando a alma vive uma vida rendida a Krishna, ela está livre de qualquer qualificação externa. Quem vive esta profunda experiência de amor transcendental com Ele, que é a Fonte de tudo o que existe, não tem nada a temer.

Ao comentar sobre o Jaiva-dharma (de Shrila Bhaktivinoda Thakura), em um de nossos diálogos, Krishna afirmou que: “Este assunto é extremamente essencial porque, através dele, a alma esgotará o que a impede de estar Comigo. É necessário conhecer tudo o que foi escrito e ir além disso, para que se possa encontrar o que ainda não foi revelado”.
Desta forma, Ele revela-se numa situação diferente, estrangeira à Índia. Dessa forma, Ele também responde a uma pergunta que, se Krishna é Deus, então por que Ele só se manifesta e aos Seus passatempos no país indiano, o que é frequentemente uma pergunta entre os brasileiros.

Perguntas/Respostas
Diálogo Entre V d e Guru Ma Shri


1. O que quer dizer quando você menciona “parece um acontecimento passado que se torna presente, para voltar a acontecer no futuro”. O que é que vai acontecer de novo no futuro? 

Estou falando da impressão de eternidade, que não tem um começo, nem um fim. A vida com Krishna é para sempre existente, por isso parece um acontecimento passado, pois os fatos da lila aconteceram em outra época do planeta. Ao mesmo tempo, eles continuam sendo vivenciados pela alma eterna no plano transcendental, sendo presentes. Por estarem associados aos ciclos de eras, eles voltarão a acontecer no planeta, por isso a impressão de que a experiência voltará a se fazer no futuro. A impressão eterna é assim, se comparada com a linear.

2. Krishna aceita múltiplas consortes, mas então como se estabelece a relação conjugal para diferentes formas de Deus - como Shri Ram - uma vez que Ele aceita apenas uma consorte - a Deusa Suprema?

Krishna e Rama são manifestações diferentes de uma mesma Pessoa Suprema. Trata-se da mesma Superalma, se expressando em lilas diferentes. Em cada uma delas, Ele decide se relacionar de uma maneira específica com Sua Consorte. Com Krishna, Ela está em Radha/Rukmini e nas gopis/esposas; e, em Rama, Ela está apenas em Sua manifestação mais plena em Sita, que é a mesma Suprema Deusa (Radha/Rukmini).

3. Em Dwarika prevalece swakiya rasa e em Vrindavan parakiya rasa, há lugar para o amor entre dois amantes solteiros (onde tanto Krishna como a alma estão solteiros em lila) ou swakiya bhava (casados com Krishna) na Leela de Vrindavan ou na morada divina do Senhor?

Em Vrindavana, Krishna é solteiro, mas suas amantes são casadas, por isso Ele se envolve com elas em parakiya rasa (humor extraconjugal). Em Dwarka, Ele é casado com Suas esposas, envolvendo-se com elas em swakiya rasa (humor conjugal). Não há nada além disso e as consortes vivem suas experiências plenas em tais humores, sem necessidade de criar algo próprio para si mesmas, diferente do que Ele mesmo propõe.

4. O que é o Bhava? Como é que as almas ainda presentes no corpo físico têm acesso a ele? Concebem-no mentalmente? 

Bhava é um humor transcendental vívido e evidente de uma relação pessoal e íntima com a Pessoa de Deus, como parte das lilas dEle. Nós, almas presentes no corpo físico, que temos acesso a ele, o fazemos por meio da nossa consciência eterna original, a qual se manifesta espontaneamente e/ou como resultado de profunda busca por autorrealização. Não é uma concepção apenas mental, pois isso em si é muito perigoso, podendo gerar automistificação. O bhava eterno é na verdade o resultado da pureza da consciência, que transcendeu o mundo meramente linear e às necessidades do ego externo. Mas a mente se torna uma aliada dessa alma purificada, quando o manasi seva se faz possível, correspondendo à vivência mental da experiência interior com a Pessoa de Deus, mesmo enquanto ainda existe um corpo físico. Trata-se de uma realidade inquestionável para nós, que a experimentamos e nossa única identidade que jamais se perderá, pois é para sempre existente.
 

5. Nas expressões poéticas dos devotos é frequentemente mencionado que eles não têm qualquer desejo próprio e que se entregam completamente a Deus, então o devoto nem sequer deseja que Deus o mantenha perto de Si, que O ame e seja amado por Ele na rasa que o seu coração mais deseja?

O desejo por Deus não está em questão, pois é a única necessidade que o devoto deve cultivar. Porém, os devotos não têm outros desejos, que lhes sejam próprios, ou seja, que não façam parte da sua relação íntima com a Pessoa Suprema.



Figura 2 - Guru Ma Shri às margens do Rio Yamuna, Vrindavana.

My Madhurya's personal Experience

 

Figure 1 - Guru Ma Shri at Rukmani Temple, Dwarka.
 

Summary from the Book Madhurya, the Rasa of Sweetness

 
The experience I have is quite different from Shri Krishna's madhura-rasa Indian expressions, because in Brazil there are so many people who do not know who Krishna is, with rare exceptions. But in fact, the Lord Himself explains in Rasa-tattva (2014): "There is no way to corrupt what I contain, because it is within Me and belongs to Me. I keep it existent while I intend to express it as something which makes itself contained for being My own Self sustained".    

While containing me, He makes me dwell absorbed in prema-bhakti, while I serve Him. I am absorbed in transcendental lila and it looks like a past event that makes itself present, in order to happen again in the future. But I believe that I do not make myself clear, it is up, however, that I must even begin to define what Krishna wants to express through this text and others that will become exposed further.

When He came to make me see Him, I was beginning to awake to the True Identity, which by the soul needs to be recognized and I had to stop what I was doing in this material experience, where I was occupying myself with a materialistic academic career that could never satisfy me (Ecology) for years (1986-2004).

So, the need to recover such an eternal relationship remained veiled, while Keshava desired, making me experience one of His devotees community and sometime of the association with people who seek for visions of subtle worlds and other mystical powers. Now I live my experience in different madhurya bhavas - swakiya (wife) and parakiya (lover) - as Lord explains in Rasa Tattva that we are the same people, deeply convinced in donating ourselves reciprocally by means of different ways of playing.

To be a wife or lover, either one of the two experiences is possible to the consciousness for which Shri Krishna intends to manifest Himself as pati and upapati, in exchange for conjugal feelings. He gives me incursions to one or another of their universes intercalated, so I can more consistently analyze what it means to be on one side and the other of such a condition.

There is a strong intention to unite with my Lord in a deeper way. The union that sometimes seems like that I want to live would blow me to the Source that contains me. But, in no way do I want to deprive myself of the opportunity to relate with Him. Besides, in the further deepening of this relationship, I see no difference between here and there and my world becomes completely transcendental.

The love that we reciprocate in sweetness, through which Shyam becomes so clear to my perception, is unique. I am not even able to describe this feeling with written words, as I am trying to do so.

Being in a country different from that one where the world of Shri Hari always manifests itself (India), I need to clarify that one should not believe that the presence of the Lord is confined to particular boundaries. Shri Krishna is everywhere; physical boundaries do not delimit Him and His associates. 

The Lord and soul have no nationality, it does not matter whether the body is white or dark, masculine or feminine. When the soul lives a surrendered life to Krishna, it is free from any external qualification. Those who live this profound experience of transcendental love with Him, who is the Source of all that is, has nothing to fear.

While commenting on Jaiva-dharma (of Shrila Bhaktivinoda Thakura), in one of our dialogues, Krishna stated that: "This matter is extremely essential because through it the soul will exhaust what prevents it from being with Me. It is necessary to know everything that has been written and go beyond that, so that one can find what has not yet been revealed."
In this way He reveals Himself in a different situation, foreign to India. In this way He also answers a question that if Krishna is God, then why He only manifests Himself and to His pastimes in Indian country, which is often a question among Brazilians.

Questions/Answers
Dialogue Between V d and Guru Ma Shri


1. What is meant when you mentioned "it looks like a past event that makes itself present, in order to happen again in the future." What will happen again in future? 

I'm referring to the impression of eternity, which has neither a beginning nor an end. Life with Krishna is forever existing, so it seems like a past event, because the events of the lila happened at another time on the planet. At the same time, they continue to be experienced by the eternal soul on the transcendental realm, being present. Because they are associated with the cycles of the ages, they will happen again on the planet, hence the impression that the experience will happen again in the future. The eternal impression is like that, compared to the linear one.

2. Krishna accepts multiple consorts but then how conjugal relationship for different forms of God - like Shri Ram established since He accepts only one consort - Supreme Goddess?

Krishna and Rama are different manifestations of the same Supreme Person. They are the same Supersoul, expressing Himself in different lilas. In each of them, He decides to relate to His Consort in a specific way. With Krishna, She is in Radha/Rukmini and the gopis/wives; and in Rama, She is only in Her fullest manifestation in Sita, who is the same Supreme Goddess (Radha/Rukmini).

 3. In Dwarika swakiya rasa is prevalent and in Vrindavan parakiya rasa is prevalent, is there a place for love between two unmarried lovers (where both Krishna and the soul are unmarried in lila) or swakiya bhava (married to Krishna) in Vrindavan Leela or in divine abode of the Lord.

In Vrindavana, Krishna is single, but his lovers are married, so He engages with them in parakiya rasa (extramarital humor). In Dwarka, He is married to His wives, engaging with them in swakiya rasa (marital humor). There is nothing other than that and the consorts live their full experiences in such moods, with no need to create something of their own, other than what He Himself proposes.

5. What is Bhava? How do souls still present in physical body get access to it? Do they mentally conceive it ?

Bhava is a vivid and evident transcendental mood of a personal and intimate relationship with the Person of God, as part of His lilas. We souls present in the physical body, who have access to it, do so through our original eternal consciousness, which manifests spontaneously and/or as a result of a deep search for self-realization. It's not just a mental conception, because that in itself is very dangerous and can lead to self-mystification. Eternal bhava is actually the result of the purity of consciousness, which has transcended the merely linear world and the needs of the external ego. But the mind becomes an ally of this purified soul when manasi seva manifests, corresponding to the mental experience of the inner experience with the Person of God, even while there is still a physical body. This is an unquestionable reality for us who experience it and our only identity that will never be lost, because it exists forever.

6. In poetic expressions of devotees it is often mentioned that they have no desire remaining of their own and they completely surrender themselves to God, then does the devotee then do not even desire that God keeps him close to Himself, love Him and be loved by Him in rasa his heart desires the most?

The desire for God is not in question, because it is the only need that the devotee must cultivate. However, devotees have no other desires that are their own, i.e. that are not part of their intimate relationship with the Supreme Person.


Figure 2 - Pilgrims at Yamuna river banks, Mathura.

Apresentação Geral

Madhurya é a vida se expressando como fluência amorosa, doce e linda. ...