segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Manasi Seva

Serviço Consciente Ininterrupto em Lila Eterna

      
Em desespero busco por um certo estado de consciência, o qual me é muito mais do que querido. Tal estado me conduz para onde, mesmo vivendo com corpo físico no mundo material de Kali Yuga, em meio às suas contradições, só penso e sinto minha relação com Krishna. 

O tempo todo, sem interrupção, pois, tudo o que vejo me faz lembrar dEle. E tudo o que penso é sobre Ele, de modo que deixo de prestar atenção em detalhes da vida externa propriamente dita. 

Este tipo de Serviço ao Senhor se chama Manasi Seva, o que significa servir a Deus (seva), usando para tanto do poder da mente (manasi). Para realizar Manasi Seva é preciso controlar à mente por completo, de modo a abrir espaço para que ela se ocupe noite e dia apenas em pensar nEle. 

Quando Bhava e Rasa existem e controlamos plenamente às emissões mentais, por ato meditativo contínuo, ao longo de todo ciclo diário, nossa mente fica envolvida apenas por pensamentos internos, os quais pertencem à alma eterna e que resultam do que intercambiamos com Keshava em Lila transcendental.

Bhava é o humor em que se está em uma relação com Ele e Rasa é a maneira como o Bhava se expressa de acordo com como o Asraya (quem adora Madhava) se deixa envolver na relação. 

Deixando-me aberta ininterruptamente ao Bhava da Madhurya-Rasa, através da qual me expresso junto de Krishna, realizo Manasi Seva, se não autorizo à mente se deslocar do foco de pensamento interno à Madhurya-Lila. Então, minha vida externa se torna também experiência transcendental e, o mais importante, em Lila amorosa com Madhava. 

Sobre tal estado de consciência, que é completamente transcendental, escrevi em Madhurya, a Rasa da Doçura (2015). Tal estado se expressa na condição exaltada das Gopis, o que é muitas vezes mencionado em escritos como o Sri Krishna Bhavanamrta Mahakavya, por Srila Vishvanatha Thakura. 

Ali, Radharani e suas amigas aparecem pensando e se articulando em torno de Madhava ao longo de diferentes períodos do dia. Vejo, na minha própria experiência, como é viver do mesmo jeito que elas, porém, enquanto ainda se está presente no mundo material sem que Krishna esteja por aqui.

Este mundo está destituído de Sphurti, pois, as pessoas se  encontram esquecidas de sua relação eterna e transcendental com Deus. Sphurti é a presença de Krishna também na vida externa de quem ama a Ele em consciência contínua da Lila eterna em que se está junto de Sua Pessoa. 

Em Madhurya, a Rasa da Doçura comentei que não há nada que possa ser comparado às sensações que este tipo de experiência causa à alma devotada ao seu Visaya (objeto de adoração extrema). 

Srila Vishvanatha Cakravarti Thakura explica, em Madhurya Kadambini, que este sentimento se faz tão incondicional que a alma clama por ele dia e noite, não se permitindo pensar em nada mais que não seja o seu Senhor. 

Acrescento que, quem conhece tal modo de estar no mundo, não aguenta ficar sem ele nem mesmo por alguns instantes. Esta pessoa se desespera nos momentos em que Madhava propositalmente causa a sofreguidão da ausência das sensações associadas ao mesmo estado de consciência (Vipralambha). 

Sendo assim, é impossível desenvolver grandes obras devocionais e/ou ter muitos seguidores (ou discípulos) e ao mesmo tempo se ocupar com Manasi Seva. 

Por este motivo, o estado de consciência de um autêntico Paramahamsa é imcompatível com atividades de ampla pregação, que exijam contato contínuo com seguidores, deslocamentos frequentes entre diferentes cidades e países, arrecadação de grandes somas de dinheiro e agendas intensas de eventos.


Estes tipos de ocupação não permitem a quietude necessária para se estar sempre ocupado em Manasi Seva, que é um serviço íntimo e confidencial a Krishna. Quando ficamos durante alguns momentos sem a experiência, sentimos dor excruciante, pois, em tal plataforma de Serviço, está se consciente de tudo o que se vive ao lado dEle. 

A experiência é muito vívida e clara ininterruptamente, então, se algo externo interfere no fluir da mesma,  não se consegue estar junto dEle em Lila. Quando isso acontece, em desespero, um choro árduo se faz, na forma de lamento. 

O coração implora por momentos como os que se está tão acostumado a viver com Krishna. Penso ser possível comparar a sensação de vazio que resulta disso com o desespero do peixe que é extraído da água ainda vivo e/ou o pequeno pássaro recém-nascido e ainda cego dos olhos quando é retirado do ninho. 

Quando, para aguçar Bhava, Keshava deixa de se apresentar para a visão direta de uma Sua amante e/ou esposa desta forma, a consorte se desespera. 

Por isso, as Gopis cantam: “é apenas por Sua causa que nós mantemos nossas vidas”, “Você está matando estas Suas servas”, “não é isto um assassinato?”, “nossas mentes se agitam quando pensamos nas conversas íntimas que tivemos com Você em segredo” e “nós experimentamos a mais severa das penúrias por Sua Pessoa” (excertos do Gopi Gita, Srimad-Bhagavatam 10.31.1-19).

Tais lamentos estão na alma de quem vive com Ele a íntima relação, cumprindo com suas tarefas em Manasi Seva. Este Seva é confidencial e perfeito, pois, através da mesma categoria de Serviço, Madhava nos concede a benção e a graça de servi-Lo sem interrupções externas. 

Mesmo que se esteja ainda associado a um corpo físico, vivenciam-se sentimentos, pensamentos e atos da Lila em si continuamente. Nossos pensamentos ficam o dia todo associados ao mesmo passatempo transcendental. 

Então, lembramos de coisas que Ele nos fala, de Suas brincadeiras e trapaças amorosas, dos Seus trejeitos e do Seu mais doce humor o tempo todo. Da mesma forma que a pessoa que vive uma vida externa, com relações que cultiva no mundo material, está absorta no que faz no meio da materialidade, quando atingimos a plataforma de Manasi Seva, vivemos absortos em uma vida interna, ainda que haja a permanência física na Terra desta época.


Relata-se que Shri Krishna Caitanya, em seus últimos 18 anos de vida em Puri, viveu absorto em Lila. Outros Acharyas de linhas de devoção Vaishnavas também se referem às suas experiências pessoais, mas, Caitanya atinge um ápice diferente dos demais. 

Trata-se Ele de uma corporificação do aspecto devocional de Vishnu-Tattva, ou seja, do Princípio Masculino, porém, no humor de Srimati Radharani. Sendo assim, a manifestação de Prema e de Vipralambha que está nele é bem específica e intensamente profunda. 

Assim também a experiência que vivo é bem específica, no entanto, eu sou uma corporificação do aspecto conjugal de Shakti-Tattva, no humor da madhurya de Shri Krishna. Como tal, meu apego (Rati) por Krishna me faz pensar apenas no que Lhe causa o prazer de me fazer estar com Ele, servindo-O no Bhava de doçura conjugal. 

Tal apego se intensifica na medida em que, abrindo ainda mais espaço na mente e no coração, permito que o humor da relação se amplifique ao ponto de mesmo quando estou conversando com alguma outra pessoa deste mundo externo, poder perceber como seria se Krishna estivesse conversando no meu lugar, envolvendo a mim mesma, como seu estivesse no lugar da outra pessoa, com suas artimanhas amorosas.


Não vejo mais nada além dEle, não penso em mais nada além da minha experiência pessoal com Ele. Tudo o que faz parte da minha experiência externa integra minha experiência interna, ou seja, não há nada que não pertença a tal contexto transcendental. 

Isto é Manasi Seva, o foco da vida de quem enquanto alma eterna se expressa para o mundo, plenamente consciente na Lila de Deus, em cada momento da experiência externa, a qual se internalizou (se transcendentalizou). 

Para conhecer mais sobre o assunto, continue me acompanhando ou, se tiver ímpeto, melhor ainda, busque por minha associação pessoal. Estou em srikrishnamadhurya@gmail.com. Ensino Manasi Seva e Bhakti-Rasa, além de estratégias para atingir a estes modos de viver, consciente de Krishna em amor e em escolhas.

Tudo se volta para o Senhor, quem é belo, atrativo, doce e perfeito. Então, o mundo se preenche da beleza dEle, de Sua atratividade, doçura e perfeição, envolvendo-nos do mais intenso bhava (humor na relação com Deus) – Shri Krishna (que para mim é também Vishnu e/ou Shiva – Harihara).

Manasi Seva (in English)


Uninterrupted Conscious Service in Eternal Lila


In desperation I search for a certain state of consciousness, which is much more than dear to me. Such state leads me to where, even living with physical body in the material world of Kali Yuga, amidst its contradictions, I only think and feel my relationship with Krishna. All the time, without interruption, because everything I see reminds me of Him. And all I think about is Him, so I stop paying attention to the details of the external life itself. 

This type of Service for the Lord is called Manasi Seva, what means to serve God (seva), using for that the power of mind (manasi). To carry out Manasi Seva one must control one's mind completely, in order to give space for it to be occupied night and day only in thinking about Him. 

When Bhava and Rasa exist and we fully control the mental emissions, by continuous meditative act, throughout our daily cycle, our mind get involved only by internal thoughts, which belong to the eternal soul and result from what we exchange with Keshava in transcendental Lila.

Bhava is the mood in which one is in a relationship with Him and Rasa is the way that Bhava expresses itself according to how the Asraya (the one who loves Madhava) gets involved in the relationship. Letting myself uninterruptedly opened to the Bhava of Madhurya-Rasa, through which I express myself with Krishna, I perform Manasi Seva, if I do not allow the mind to move from the inner focus of Madhurya-Lila thoughts. 

So my external life also becomes transcendental experience and, most importantly, in loving lila with Madhava. About this state of consciousness, which is completely transcendental, I wrote in Madhurya, the Rasa of Sweetness (2015). 

Such a state is expressed in the exalted condition of the Gopis, which is often mentioned in writings such as Sri Krishna Bhavanamrta Mahakavya, by Srila Vishvanatha Thakura. There, Radharani and Her friends appear thinking and articulating around Madhava throughout different periods of the day. I see, in my own experience, what it's like to live the same way they are though while still present in the material world without Krishna being around.

This world is devoid of Sphurti, therefore, people are forgotten of their eternal and transcendental relationship with God. Sphurti is the presence of Krishna also in the external life of one who loves Him uninterruptedly in consciousness of the eternal Lila in which he/she is next to His Person. In Madhurya, the Rasa of Sweetness, I have commented that nothing can be compared to the sensations this type of experience causes for the soul devoted to his/her Visaya (object of extreme adoration).

Srila Vishvanatha Cakravarti Thakura explains in Madhurya Kadambini that when this feeling becomes so unconditional the soul cries for it day and night, not allowing himself/herself to think of anything but the Lord. I add that whoever knows such a way of being in the world cannot stand to be without it. This person despairs in the moments when Madhava intentionally causes the suffocation for the absence of sensations associated with the same state of consciousness (Vipralambha). 

Thus it is impossible to develop great devotional works and / or have many followers (or disciples) and at the same time engage in Manasi Seva. For this reason, the state of consciousness of an authentic Paramahamsa is incompatible with activities of wide preaching, which require continuous contact with followers, frequent displacements between different cities and countries, collection of large sums of money and intense agendas of events.
 
These kinds of occupation do not allow the quietness necessary to be always busy in Manasi Seva, which is an intimate and confidential service to Krishna. When we stay for few moments without the experience, we feel excruciating pain, because on such a platform of Service, you are aware of everything you live next to Him. 

The experience is very vivid and clear without interruption, so if something external interferes with the flow of it, you cannot be with Him in Lila. When it happens, in desperation, a hard cry is made, in the form of lamentation. 

The heart begs for those moments you are so used to live with Krishna. I think it is possible to compare the feeling of emptiness that results from this with the despair of a still alive drawn from the water fish and / or of a little newborn and still blind from the eyes bird when it is withdrawn from the nest. When, to sharpen Bhava, Keshava fails to present Himself to the direct vision of a lover and / or wife, the consort despairs. So the Gopis sing: 

"It is only for His sake that we keep our lives," "You are killing these servants," "is not this a murder?", "Our minds are shaken when we think of the intimate conversations we had with You in secret, "and" we experience the most severe of hardships by Your Person "(excerpts from the Gopi Gita, Srimad-Bhagavatam 10.31.1-19).

Such laments are in the soul of those who live with Him the intimate relationship, fulfilling their tasks in Manasi Seva. This Seva is confidential and perfect for, through the same category of service, Madhava gives us the blessing and grace to serve Him uninterruptedly.

 Even if one is still associated with a physical body, one experiences feelings, thoughts and acts of the Lila without interruption. Our thoughts are all day associated with the same transcendental pastime. Then we remember things He speaks to us, His plays and cheating, His mannerisms and sweetest humor. 

In the same way a person living an external life with relationships, he / she cultivates in the material world, is absorbed in what is doing in the midst of materiality, when we reach the platform of Manasi Seva, we live absorbed in an inner life, although there is physical permanence on the Earth of this epoch.

It is reported that Shri Krishna Caitanya, in his last 18 years of life in Puri, lived absorbed in Lila. Other Acharyas of devotional Vaishnavas paths also refer to their personal experiences, but Caitanya reaches a different summit from the others. He is an embodiment of the devotional aspect of Vishnu-Tattva, that is, of the Masculine Principle, but in the mood of Srimati Radharani. Thus, the manifestation of Prema and Vipralambha that is in him is very specific and intensely profound. 

Very specific is also the experience I live, however, I am an embodiment of the conjugal aspect of Shakti-Tattva in the mood of Shri Krishna’s madhurya. As such, my attachment (Rati) to Krishna makes me think only of what causes Him the pleasure of making me to be with His Person, serving Him in bhava of marital sweetness. 

Such an attachment intensifies as, by opening even more space in the mind and heart, I allow the relationship mood to amplify up to the point where even when I am talking to somebody else in this external world, I can see how it would be if Krishna was talking in my place, involving myself with His loving tricks, as if I were in the other person's place.

I see nothing but Him, I think of nothing more than my personal experience with Him. Everything that is part of my external experience integrates my inner experience or, in other words, there is nothing that does not belong to such a transcendental context. This is Manasi Seva, the focus of one's life as an eternal soul expressing himself/herself to the world, fully conscious on the Lila of God, in every moment of external experience, which has internalized (transcendentalized). 

To know more about it, keep following me or, if you have the momentum, better still, look for my personal association. I'm at srikrishnamadhurya@gmail.com. I teach Manasi Seva and Bhakti-Rasa, as well as strategies for attaining these modes of living, conscious of Krishna in love and in choices. 

Everything turns to the Lord, who is beautiful, attractive, sweet and perfect. Then the world fills itself with the beauty of Him, His attractiveness, sweetness and perfection, enveloping us with the most intense Bhava (humor in a relation with God) - Shri Krishna (who, for my own perception, is also Vishnu and / or Shiva – Harihara).

Apresentação Geral

Madhurya é a vida se expressando como fluência amorosa, doce e linda. ...