domingo, 20 de fevereiro de 2022

Transitando entre Svakiya e Parakiya

 


Talvez curiosamente para alguns, vivo mādhurya em diferentes bhāvas. O Senhor (Krishna) explica, em Rasa-tattva (2014):

“Em svakīya há autoentrega e Amor, profundo e sincero, da contraparte que Me serve, enquanto a sirvo através do que reciproco na forma do que mutuamente nos fazemos experimentar. É um evento que se faz para diferenciar do que é parakīya para quem experimenta a svakīya, segundo outro ângulo do experimentar. Afinal, somos as mesmas pessoas, compenetradas em doar-se reciprocamente, para, através de diferentes maneiras, tocarem-se. Traduzimos a Nós mesmos e o que resulta das nossas múltiplas interações conjugais ao mundo. Esta tradução irá refletir o que é amar e dar-se um ao outro por meio da experiência conjugal”.

Portanto, ser amante ou esposa, tanto faz, para a consciência para a qual Śrī Kṛṣṇa pretendeu assim manifestar-se, como pati e upapati, em intercambio de sentimento conjugal. Ele me dá as incursões a um ou outro de tais universos, de maneira intercalada. Desta maneira, eu posso com mais coerência analisar o que significa estar de um lado e de outro de tal condição.

Esta condição consiste na natureza da Consorte do Supremo Controlador. O que tenho a dizer é que em Śrī Rādhe existe tudo o que se possa perceber no mundo de madhura- bhāva, no qual Mukunda gosta de suas līlās experimentar. Tanto faz, se em svakīya ou parakīya, a alma eterna daquela que ao Senhor oferece o prazer transcendental de amorosamente com a expressão feminina de si mesmo relacionar-se (Rādhikā) sempre estará.

Quando estou com Ele, meu desejo é o de transferir-me para o lado onde Ele está. Então, eu teria de sair de onde este meu corpo físico ainda precisa permanecer. Há forte intenção de com meu Senhor unir-me de um jeito ainda mais profundo do que já tive a oportunidade de até agora provar, embora o que Śrī Kṛṣṇa me doa é a sat-cit-ānanda, que em prema-bhakti pura está.

A união que, às vezes, pareço desejar me fundiria à Fonte que me contém. Mas, de modo algum pretendo destituir-me da oportunidade de com Ele relacionar-me. Enfim, no aprofundamento ainda maior desta relação, não vejo mais diferença entre o aqui e o que está lá. Nesta condição, meu mundo se torna completamente transcendental.

Daí entendo o quanto Bhagavān é misericordioso com a alma em sua maneira de com ela relacionar-se. O Amor que reciprocamos na doçura, em que Śyām se faz tão nitidamente para minha percepção evidenciar, é sem igual. Eu nem ao menos sou capaz de a este sentimento descrever com palavras escritas, assim como estou tentando fazer. Sobre isto, Keśava, a respeito de sua relação com sua Śakti, diz:

”Tudo isso é por demais complexo para alguém além de nós mesmos poder realizar. O Poder do Amor Conjugal, que existe entre ambos, só pode ser medido e avaliado partindo de nossas próprias percepções. Ninguém mais será capaz de compreender com precisão e de comentar o que entendeu com o detalhamento que podemos dar ao que experimentamos.  Queremos dar significado ao que nos faz desta maneira detalharmo-nos (Rasa-tattva, 2014)”.

 

Trecho do livro Madhurya, a Rasa da Doçura, de Shri Krishna Madhurya (2015).


Apresentação Geral

Madhurya é a vida se expressando como fluência amorosa, doce e linda. ...